BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro deve indicar um militar para presidir a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).


O comando da agência, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, está vago há duas semanas, desde a demissão do embaixador Mario Vilalva. O antigo presidente teve seus poderes esvaziados pelo ministro Ernesto Araújo e criticou o chanceler, a quem acusou de deslealdade.


Segundo pessoas que acompanham a crise, Bolsonaro deve nomear o contra-almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa para chefiar a agência, que atua na promoção de produtos brasileiros no exterior. O militar hoje comanda a área de Tecnologia da Informação do Ministério da Defesa.


A expectativa é que o anúncio ocorra até sexta-feira (26).


Ao indicar Segovia Barbosa para o posto, Bolsonaro tenta estancar a crise de gestão na Apex que se arrasta desde o início do governo.


Os atritos já levaram à demissão de dois presidentes da agência. Antes de Vilalva, Alecxandro Carreiro ocupou o cargo por menos de dez dias, mas foi demitido depois de se desentender com a diretora de Negócios, Letícia Catelani.


Catelani e o diretor de Gestão Corporativa da Apex, Márcio Coimbra, ambos indicados por Araújo, também foram os pivôs da demissão de Vilalva.


Eles entraram em conflito com o embaixador e foram apoiados pelo chanceler. Como revelado pela Folha de S.Paulo, Araújo promoveu uma mudança no estatuto da Apex e transferiu poderes que eram da presidência para os dois diretores.


Em resposta, Vilalva disse que a mudança estatutária ocorreu “na calada da noite” e afirmou que Catelani e Coimbra são pessoas despreparadas e irresponsáveis.


“O mais grave foi o fato de que as mudanças [no estatuto da agência] foram feitas sem o presidente da Apex saber e que elas foram escondidas em documento guardado em cartório, o que demonstra jogada ardilosa e de má-fé”, disse Vilalva, em entrevista à Folha de S.Paulo.


Os problemas na Apex inclusive reacenderam uma disputa entre o Ministério da Economia e o Itamaraty. O ministro Paulo Guedes chegou a defender a extinção da agência caso ela fosse transferida para a sua pasta.


Na segunda-feira (22), o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que o órgão permanecerá vinculado ao Ministério de Relações Exteriores.