SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna e um dos primeiros nomes cotados para assumir o Ministério da Educação do governo Jair Bolsonaro no ano passado, estava no palco de um evento empresarial na manhã desta sexta-feira (5) ao lado do ministro Ricardo Vélez Rodríguez, quando veio a notícia de que o titular deve deixar a pasta.

Do evento, o encontro do Lide em Campos do Jordão, participavam nomes de peso como Benjamin Steinbruch (CSN) e Octavio Lazari (Bradesco). A notícia recebida nos celulares foi tratada com discrição entre os presentes. Ao fim de sua apresentação, o ministro deixou o palco em disparada para o banheiro, seguido por jornalistas.

No primeiro intervalo, Viviane falou à reportagem que o Ministério da Educação precisa de um rumo, independentemente do titular.

“Eu acho que o problema não é ele sair ou ele ficar. O problema é uma decisão de governo sobre qual direção nós vamos seguir, se é a agenda da aprendizagem ou não. Eu acho que essa é a grande decisão. Não é esta ou aquela pessoa. Não é a saída ou a permanência do ministro. A decisão realmente importante é qual a agenda nós vamos perseguir”, disse.

Questionada se isso seria um recado para Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro, Viviane Senna disse estar apenas fazendo um diagnóstico do que precisa ser feito.

Viviane evitou fazer comparações com o nome de Mozart Neves Ramos, também do Instituto Ayrton Senna, que, como ela, foi cotado para a vaga em novembro, mas acabou derrubado pela pressão de grupos evangélicos.

Na ocasião, a ala religiosa desejava emplacar o nome do procurador Guilherme Schelb, também evangélico.

“Você não consegue antecipar o que seria ou não seria, se a condição básica não for dada. Ninguém pode fazer algo que não tenha uma decisão nessa direção, seja o ministro Vélez seja qualquer outro ministro, essa é uma decisão anterior”, disse.

Ela considera o cenário da educação muito desafiador atualmente.

“Precisamos de uma direção, uma liderança, que seja capaz de dar resposta a esses desafios com base em critérios técnicos e evidência do que funciona e o que não funciona”, disse ela.

Para Viviane, “algumas decisões vão nessa direção e outras não”, mas é preciso alinhar expectativas.

“O desafio da educação brasileira é aprendizagem. Todos os demais temas são importantes mas não são centrais. Eu acho que essa é a missão do Ministério da Educação, focar nessa grande agenda e conseguir articular as coisas para essa direção”, disse.