Divulgação/Carol Coelho – Escalada

Quatro atletas e mais de 500 crianças de escolas municipais de Curitiba fazem parte do Escalada para Todos, projeto pioneiro em torno do esporte olímpico que estreia em Tóquio, nos Jogos 2020. O projeto é o primeiro no Brasil a propor um plano de aprimoramento de atletas e ações para despertar o interesse em crianças e adolescentes pela nova modalidade olímpica.

Classificada como esporte mais saudável do mundo, os benefícios da escalada são inegáveis, ressaltam os praticantes, pois trabalha todos os músculos do corpo e também exige grande trabalho psicológico para superação dos medos, pela disciplina e autoestima.

Ao longo dos próximos seis meses, quatro escaladores seguirão um programa de treinamento voltado à especialização e aperfeiçoamento. Um deles é paratleta. As crianças e adolescentes, por sua vez, terão um dia de escalada, no intuito de apresentar e estimular a prática. Ao longo do mês de agosto, elas farão 10 visitas guiadas a um dos maiores centros de escalada da América Latina, o Campo Base, em Curitiba, parceiro do projeto e que será o local de treinamento dos escaladores. Entre as crianças, 120 são portadoras de necessidades especiais (PNE).

“Queremos propiciar à Escalada Esportiva a atenção que ela merece. O Paraná é o berço dessa, agora, nova modalidade olímpica e uma atenção à gestão de nossos atletas se faz imprescindível, com foco nas olimpíadas e na disseminação desse esporte tão importante para a nossa história e enraizado na nossa cultura”, pontua o montanhista David Rocha, idealizador do projeto, que tem produção da Tertúlia e Mucha Tinta e apoio da Copel, por meio do PROESPORTE.

Rocha tem consciência que são pequenas as chances de medalha na Olimpíada de Tóquio. O modelo organizado prevê 20 vagas (divididas meio a meio entre homens e mulheres) em 2020, e concorrem atletas de todo o continente americano, incluindo Canadá, EUA, México, que estão no topo. “Isso torna bem complicada a situação dos atletas brasileiros. E ainda tem os chilenos e argentinos também com nível mais elevado”, avalia Rocha, um engenheiro mecânico que pratica a escalada há oito anos, nos últimos quatro com dedicação exclusiva.

Atletas – Como o objetivo é a formação de atleta a nível olímpico foram escolhidos atletas mais jovens. “Temos uma participação ainda pequena das mulheres e por isso a faixa etária é um pouco mais alta! Esperamos que o projeto desperte nelas também maior interesse”, diz David. Os atletas participantes têm perfis variados e, em termos de competitividade, estão se saindo bem. Quem alcançou melhor desempenho até agora foi a analista de produtos de engenharia Hellen Christina da Silva, de 22 anos, que pratica a escalada há nove anos, cinco deles participando de competições. Ela é a quarta colocada no ranking de dificuldade da Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE).

O paratleta Gustavo Henrique dos Santos, 31 anos, é novo na Escalada e com apenas um ano de dedicação já mostrou a que veio. Em 2019 participou de duas competições e, em sua categoria, que é o Paraclimb, ficou em segundo lugar em ambas, no Campeonato Brasileiro de Boulder e na primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Dificuldade.

A doutoranda em Física Rafaela Moos, de 29 anos, praticante há cinco anos deixou de ver a escalada como uma brincadeira e assumiu o esporte como cada vez mais importante em sua rotina. 2019 marca o ano da decisão de competir. “Participei da etapa paranaense de boulder e também do Campeonato Brasileiro, tanto na modalidade Boulder quanto na de Dificuldade. Gostei muito de competir e planejo manter ativa em mim essa vontade de treinar e melhorar meus resultados por muito tempo!”, diz ela. Completa a equipe, o jovem Gabriel Bontorin de Azevedo, 16 anos, que começou ainda criança, com o pai. Parou e, há dois anos, voltou a escalar. Agora treina três vezes por semana e já conquistou o segundo lugar no Juvenil de Dificuldade, terceiro lugar no Brasileiro Juvenil de Velocidade e ficou em sexto no Brasileiro Juvenil de Boulder.

Escolas – Para potencializar os efeitos da ação social, a equipe de produção do Escalada para Todos buscou escolas que tivessem algum contato com o esporte. O Bairro Novo foi um ponto referencial por ter um ginásio da prefeitura com muro de escalada. A instituição de ensino mais próxima que aceitou participar foi a Escola Ensino Fundamental Tomaz Edson De Andrade Vieira, no Capão Raso. A outra participante, a Escola Municipal Professor Herley Mehl, é do bairro Tanguá, e tem um pequeno muro de escalada. “A gente queria que eles tivessem por perto a chance de praticar e chegamos a um grupo que ou mora próximo do muro público ou já teve o contato com a escalada na escola”, explica David. “Agora vamos apresentar uma visão um pouco mais ampla do que é o esporte, como funciona, como é um ginásio. Queremos levar os atletas para mostrar para as crianças que elas podem ser profissionais, independente das profissões que escolherem”, completa ele.

Histórico – O montanhismo começou no Paraná em 1889, com ascensão ao Marumbi por José Olímpio Miranda, o primeiro montanhista esportivo, ou seja, o primeiro a subir um cume com fins não militares. Ele partiu de Morretes, que foi polo do montanhismo, para chegar ao cume do Olimpo, na época chamado Pico Marumbi. Depois, uma série de “aventureiros”, como eram considerados na época, e especialmente na década de 40, começaram a difundir o esporte. “O Anhangava teve sua primeira escalada em 1947, lógico que com técnicas mais rudimentares, como o próprio Vitamina diz: ‘na Europa se usava técnica alpina e aqui a técnica caipira”, conta David, citando Henrique Paulo Schmidlin, um nome importante entre os montanhistas paranaenses. Ele cita ainda o Nativo (Ronaldo Frazen), Bito Mayer (Antônio Meyer) e o próprio Waldemar Niclevicz que subiram paredes não escaladas antes e deixaram um legado de vias e ascensões no Paraná e no mundo. “Foram atletas de super destaque, citados em revistas importantes por seus feitos, pois em suas épocas elevaram o nível do esporte. Quando ninguém achava possível criar o sétimo grau na escalada, eles fizeram sétimo, oitavo e nono graus, aumentando as barreiras do esporte, no Brasil”, pondera, acrescentando que em termos mundiais ainda há muito a ser feito.

Campo Base
Ginásio – Tv. da Lapa, 400 – Centro, Curitiba

Acompanhe o projeto www.instagram.com/escaladaparatodos/

Visitas das crianças ao ginásio:
Terça 13/08/2019 (manhã e tarde)
Quarta 14/08/2019 (manhã)
Segunda 19/08/2019 (manhã e tarde)
Terça 20/08/2019 (manhã e tarde)
Quarta 21/08/2019 (manhã)
Quinta 22/08/2019 (tarde)
Sexta 23/08/2019 (manhã)
Segunda 26/08/2019 (manhã e tarde)
Terça 27/08/2019 (manhã e tarde)
Quarta 28/08/2019 (tarde)