Franklin de Freitas – Saldanha e o seu imã: “pescaria” retira o lixo do fundo dos rios

Um morador de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está apostando numa nova modalidade de pesca para ajudar o meio ambiente. Idealizador da Ecobarreira do Rio Atuba, Diego Saldanha se tornou também um entusiasta da pesca magnética, um hobby que mistura ambientalismo com caça ao tesouro e consiste na retirada de objetos metálicos da água com a utilização de um imã potente.

Nessa ‘brincadeira séria’, o ambientalista abre mão da vara e do anzol, equipamentos utilizados na pesca tradicional, para utilizar uma corda e um imã de neodímio, com capacidade de tração de até 100 quilos. A corda, explica Diego, é lançada nos rios e fica amarrada ao seu pé, para não embolar.

“É como se fosse um hobby, mas estou limpando o rio do meu jeito. E para minha surpresa, acabam vindo muitas coisas”, conta Saldanha, que em menos de um mês praticando o novo esporte já conseguiu retirar mais de 15 quilos de metais em rios de Curitiba e região metropolitana.

“O que eu percebi, que é mais comum, são pregos, parafusos, talheres, garfo, colher, mas também já tirei ponta de ferro de martelo, concha, moedas antigas, outras atuais. Ferro de construção tem bastante também, armação de banqueta, molho de chave e até pedaço de serra circular”, complementa.

Segundo Saldanha, a ideia de começar a praticar esse tipo de pescaria, que já faz sucesso em lugares como a Inglaterra, veio a partir da curiosidade de saber o que havia no fundo do rio. “Porque na superfície já sei que é muito lixo, mas queria saber o que tinha onde não conseguia ver”, explica.

Agora, sempre que ele tem um tempo livre e está próximo de um rio, aproveita para fazer uma parada e pescar. “Já fui no Rio Barigui e agora quero ir na Serra da Graciosa. Fora do Brasil fazem até campeonato [de pesca magnética] e a ideia é trazer essa temática para cá, juntar quem se interessa por isso e fazer campeonato, educação ambiental, para ver o que tem no fundo do rio”, afirma ainda. ambientalista.

‘Cansei de esperar’ para tirar esgotos do rio

Além da pesca magnética, Diego Saldanha também dará início a um outro projeto nesta semana, que ele está chamando de “Cansei de Esperar”. É que na região onde ele mora, nas proximidades do Rio Atuba, ainda há algumas casas que despejam esgoto direto no rio. Como o Poder Público até hoje não resolveu a questão, ele decidiu fazer algo por conta própria.

“Isso me deixa muito triste, o saneamento não chegou para essas pessoas, e eu cansei de ficar esperando pelo Poder Público, e resolvi fazer essas ações. Uso tambores de 250 litros, de reservatório de água. Isola o cano, que daí não despeja mais no Rio Atuba, e faz um buraco de 1 metro de largura um metro e meio de fundura, conectando os galões um no outro. O esgoto entra, os tambores fazem a limpeza, um processo natural, e quando o material chega no último tambor, que vai ser todo furado, ele infiltra no solo, num fundo que vai ter pedra, brita e areia. A água infiltra no solo e vai pro lençol freático já limpa”, explica Saldanha.

No próximo sábado, uma primeira residência receberá os galões em fossa séptica, numa iniciativa que foi fruto de esforço coletivo: uma campanha de arrecadação que conseguiu juntar R$ 720, valor que foi suficiente para a compra de materiais e ferramentas, como os tambores, enxada, pá e furadeira.

A partir daí, a ideia é procurar outras casas e fazer a iniciativas em outros lugares, até aproveitando que as ferramentas já estarão à disposição. “No Rio Atuba, já de cara, tem umas 20 casas que precisam desse trabalho e vou tentar cumprir a meta de fazer em todas”, conta o ambientalista, que lançará oportunamente campanhas de arrecadação em seu Instagram (@ecobarreira_diegosaldanha).