Franklin de Freitas – Cada motociclista acidentado fica em média 4 idas no hospital

A cada uma hora e 10 minutos, uma pessoa é internada no Paraná em decorrência de algum acidente de trânsito. Segundo informações do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2018 foram atendidos no estado um total de 37.752 ocorrências no Estado, número que apresenta tendência de crescimento nos últimos anos. Além disso, em mais da metade dos casos a vítima era um motociclista.
Não à toa, portanto, o foco principal da Semana Nacional do Trânsito, que começa hoje e segue até o próximo dia 25, são justamente os motociclistas. A campanha nacional, que neste ano terá como tema “No Trânsito o Sentido é a Vida”, busca conscientizar e prevenir acidentes, com ações que se enquadram no compromisso assumido pelo país internacionalmente de reduzir, no período de 2011 a 2020, em 50% as mortes causadas por acidentes de trânsito.
No Paraná, a frota de motocicletas soma 1.068.438 unidades, segundo dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) referentes ao mês de maio deste ano. Isso equivale a 14,6% da frota estadual, com um total de 7.296.744 veículos.
Apesar disso, em 51,32% das internações decorrentes de acidente de trânsito a vítima era justamente um motociclista. Entre 2014 e 2018, foram 19.375 registros desse tipo. Em 2018, inclusive, o número de internações foi recorde: 4.539, alta de 16,3% na comparação com o ano anterior, quando 3.902 motociclistas foram internados no estado.
Para o sistema público de saúde, o impacto é enorme: cada motociclista permanece, em média, quatro dias internado. Por ano, o custo ao SUS supera os R$ 6 milhões – só em 2018, por exemplo, o montante gasto com a internação de motociclistas foi de R$ 7,52 milhões, recorde da série histórica iniciada em 1979 e o equivalente a 57,6% do total (R$ 13,06 milhões) gasto com internações decorrentes de acidentes de trânsito.
Por conta disso tudo, explica o diretor do Denatran, Jerry Adriane Dias, a atenção aos motociclistas será redobrada, pelo menos, até o final de abril do próximo ano.
“Vamos fazer um contato mais próximo com as entidades públicas e privadas para divulgação do material [da semana] para ter certeza de que esse movimento vá se tornar uma realidade lá na ponta. Principalmente focando nos mais frágeis no trânsito, os motociclistas, que são hoje os que mais sofrem as consequências com a violência no trânsito”, disse.

Curitibano luta para recuperar movimento do braço
Curitibano de nascimento, mas morador de Colombo, o motoboy Flávio Martins Duarte é uma das vítimas da violência no trânsito. Há quase 14 anos, no dia 31 de outubro de 2005, o rapaz perdeu o movimento de um dos braços após se envolver num acidente na Rua Tunísia, próximo do Terminal do Maracanã. Agora, luta para conseguir dinheiro e realizar um procedimento cirúrgico que pode lhe devolver o movimento ao braço direito.
Para isso, Flávio está tentando juntar R$ 30 mil para pagar por uma cirurgia que será feita em Santa Catarina, com um especialista em Plexo Braquial. A cirurgia estava marcada para acontecer hoje, mas precisou ser adiada, já que Flávio conseguiu apenas uma parte (cerca de R$ 5 mil) do montante necessário para custear o procedimento curúrgico.
“Eu liguei ontem (segunda) na clínica e cancelei a cirurgia. Não conseguimos atingir o que precisávamos. Mas vou continuar correndo atrás”, garante Flávio, que está aceitando doações por meio de depósito bancário: agência 4297-8, conta corrente 21.965-7, Banco do Brasil. O CPF de Flávio é 009.767.569-51 e o telefone, o (41) 98462-7531.

Acidentes

Internações por
acidente de trânsito no PR

Todos os meios de transporte*

Motociclistas

% de motociclistas com relação ao total de acidentes

2014

7.481

3.819

51,05%

2015

6.995

3.480

49,75%

2016

6.860

3.635

52,99%

2017

8.139

3.902

47,94%

2018

8.277

4.539

54,84%

TOTAL

37.752

19.375

51,32%

11.033 mortes
numero de motociclistas que morreram no trânsito paranaense entre os anos de 1996 e 2017, último com dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Com isso, o Paraná aparece como o quarto estado que mais matou motociclistas no país no período analisado, atrás apenas de São Paulo (21.666) e do Ceará (11.299). Nos últimos anos, porém, o estado tem conseguido reduzir o número de óbitos, que já chegou a 888 num único ano (2012). Em 2017, foram 516 mortes.