PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O vice-presidente Hamilton Mourão intensificou nesta quarta-feira (22) a agenda de eventos com empresários e representantes do governo chinês para estreitar e estimular investimentos no Brasil.


Mourão conversou também com representantes de empresas brasileiras instaladas na China, como BRF, Vale e Petrobras.


Na pauta dos encontros, desburocratização e desregulação estiveram presentes com medidas para melhorar o ambiente de negócios no Brasil.


Mourão participou de um almoço fechado com empresários na Embaixada em Pequim e ainda foi a um simpósio comemorativo dos 15 anos do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China). Ele ainda visitou a Muralha da China.


O simpósio foi patrocinado pela empresa chinesa do setor energético State Grid, que tem investimentos no Brasil.


O evento contou com menos de cem participantes e teve a presença do vice-ministro do comércio chinês, Wang Shouwen. Ele participa diretamente das negociações com os Estados Unidos na guerra comercial.


“Foi uma decisão acertada a visita dele [Mourão] à China. Desfez o desentendimento. A China estava bastante preocupada por causa dos Estados Unidos, da guerra comercial”, diz Mao An Wang, consultor chinês que atua no Brasil.


“O governo brasileiro vir aqui dar esse apoio é muito importante, para que os chineses vejam que as empresas brasileiras que estão aqui têm apoio do governo, que o governo esta por trás, que é coisa séria. Assim haverá mais confiança para fazer negócio”, afirma.


Walter Fang, que tem uma consultoria de tecnologia com sede em Hong Kong, também elogiou a visita do vice-presidente brasileiro.


“Ele veio em boa hora para a China, porque nessa nova administração o presidente está mostrando uma admiração muito forte por Donald Trump, de uma maneira que nós na China ficamos preocupados se as relações entre Brasil e a China vão ficar mais frias ou distantes”, diz Fang.


Segundo o consultor, “impostos, a complexidade e o processo de visto muito longo” são os obstáculos para investir no Brasil.


Avessos a entrevistas e a criticas públicas, muitos empresários chineses preferiram não comentar a saúde das relações China-Brasil ou expressar opinião sobre Mourão.


O vice-presidente voltou a falar em reforma tributária e confirmou a visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) à China no segundo semestre.


O líder chinês, Xi Jinping, deve participar da Cúpula do Brics sob a presidência brasileira em novembro deste ano.


Mourão tirou fotos com convidados, enquanto churrasco brasileiro era servido em uma recepção organizada pelo CEBC. Carne vermelha e de frango são um dos principais produtos brasileiros vendidos para o país asiático.


Na saída, Mourão disse à reportagem, descontraído, que a Muralha da China “é uma das maravilhas do mundo” e que está achando a China fantástica. Sobre a gastronomia local, respondeu apenas que “já conhecia”. 


Enquanto o governo federal tem dificuldade para definir políticas de ação sobre o principal parceiro econômico do Brasil, um número crescente de estados brasileiros e municípios tenta fazer negócios com a China por conta própria.


Muitos representantes têm feito viagens oficiais para construir relações diretas com Pequim, às vezes de forma silenciosa e sem passar pela administração federal.