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Diversas pesquisas ao redor do mundo que mapeiam doenças em que a dor crônica é um dos sintomas mais latentes, também apontam a predominância de ocorrências dessas doenças no sexo feminino, a exemplo da enxaqueca, lombalgia, fibromialgia, atrites, entre outras. Ou seja, as mulheres são muitos mais suscetíveis a doenças que as levam a sofrer com a dor.  Distante das estatísticas médicas, este cenário pode induzir falsamente o público leigo de que as mulheres são mais queixosas do que os homens – o que não é verdade, já que elas são reconhecidas em serviços especializados em dor como mais tolerantes ao processo doloroso.

É o que explica o mestre em neurocirurgia funcional pela UNIFESP, com especialização em dor pela Associação Médica Brasileira (AMB) e coordenador do Centro de Dor do Hospital 9 de Julho, Cláudio Fernandes Corrêa. “Embora estejamos evoluindo para um processo educativo mais equilibrado entre homens e mulheres, culturalmente eles sempre foram criados sob a necessidade de uma força física que os levou a negligenciar os cuidados médicos e os sinais de doenças, sucumbindo-os emocionalmente quando já não mais suportam a dor. Neste estágio, então, exacerbam e são mais acolhidos ou valorizados em suas queixas”.

Desta mesma forma, ao estarem mais atentas e abertas para buscarem ajuda e com mais adesão aos tratamentos propostos, elas desenvolvem mais equilíbrio para seguir com suas rotinas diárias, mesmo diante de quadros crônicos de dor. “Não à toa, são elas que mais usam os serviços de saúde, tanto para check-ups de prevenção como para consultas de acompanhamento de doenças”, reforça o médico que acumula mais de 30 anos no tratamento de doenças crônicas geradoras de dor crônica.

A questão, então, sobre quem sofre mais com a dor, homens ou mulheres, deve estar embasada em diferentes fatores, como estrutura física e emocional desenvolvidas sob bases comportamentais de ambos os sexos e estes fatores podem ainda se somarem a outros, como etnias e cultura. “É quando observamos, por exemplo, a expressão sobre episódios de dor em pessoas orientais e pessoas de origem latina, em que as primeiras se mostram mais contidas em suas queixas”, relata dr. Claudio Corrêa.

Diante a subjetividade das expressões de dor, o médico relata que, no entanto, nenhuma queixa pode ser subestimada e deve sempre vser alorizada no nível em que for externada pelo paciente: para ele é o que ela representa, de fato, de sofrimento. Somado a isso, a medicina conta com diversos protocolos de atendimento em que pressão arterial, temperatura, sudorese e outros ajudam na mensuração do sofrimento.

Tanto é importante saber distinguir a tratar a dor do paciente que a sua medição passou a fazer parte da anamnese nos prontos socorros, junto com os cinco sinais vitais. Para isso, o paciente deve ser questionado sobre qual é o nível de sua dor em uma escala imaginária de 0 a 10. Esta escala pode ainda ser configurada em cores, que vão da mais clara para a mais escura ou ainda de rostos que vão de alegria à tristeza/desconforto intenso.