MARCEL MERGUIZO
SÃO PAULO, SP – O ano de 2013 começou com uma brasileira sendo escolhida a melhor do mundo e terminou com a seleção conquistando o Campeonato Mundial. Dois títulos inéditos.
Agora, 2015 começa com outra brasileira sendo eleita o destaque do ano anterior e, em dezembro, a equipe nacional defende o maior título de sua história na Dinamarca.
As coincidência com a eleição de Duda Amorim, na quarta-feira (25), animam Alexandra Nascimento, a melhor de 2012, para a busca do bicampeonato neste ano.
A ponta direita da seleção e do clube romeno Baia Mare, no entanto, acredita que a série de conquistas brasileiras também fará das próximas competições um desafio ainda maior para as jogadoras.
“Ninguém ganha Mundial e Olimpíada na primeira vez que participa. Nós sofremos muito até ganhar. E este próximo Mundial e a Olimpíada do Rio vão ser os mais difíceis campeonatos que já jogamos”, afirma Alê, por telefone, da Romênia.
“Porque temos duas melhores do mundo [ela, 2012, e Duda, 2014], temos o título Mundial [2013] e a responsabilidade vai ser ainda maior, além das adversárias estudarem muito mais nosso time”, explica, antes de completar: “Com certeza vamos atrás de medalhas nas duas competições [Mundial e Olimpíada].
Alê disse que sofreu logo depois que ganhou o prêmio de melhor do mundo, em janeiro de 2013.
“O peso é inevitável. E nós, atletas, temos esse defeito: nos cobramos muito. Hoje não faço tantos gols como antes, porque me marcam mais. Mas isso é bom para a equipe. No esporte coletivo é mais fácil lidar com essa pressão [de ser a melhor do mundo]”, diz.
Para a ponta direita vice-artilheira do Mundial da Sérvia, em 2013, Duda mereceu o prêmio em 2014 pois “ela destoa” das rivais.
“Ela marca absurdamente bem. É ótima na defesa e ótima atacante. Além de se entregar 100% no jogo”, justificou Alê.
Armadora esquerda da seleção e do clube húngaro Gyori ETO KC, Duda foi eleita a a jogadora mais valiosa do Mundial de 2013 e conquistou o bicampeonato da Liga dos Campeões da Europa nos dois últimos anos.
Duda, atualmente, se recupera de uma cirurgia realizada no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, em dezembro. Em março, ela deve voltar a correr e, em julho, a jogar. Alê também ficou quatro meses parada, devido a uma inflamação no pé, já curada desde janeiro.
As recentes contusões (a central Mayara também se recupera de cirurgia) são apenas mais um problema para a seleção, segundo Alê. Isso porque não há mais a parceria da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) com o clube Hypo, da Áustria, onde jogavam oito brasileiras -seis foram para o último Mundial.
“Está difícil de juntar todo mundo sempre, como fazíamos. No Hypo, a gente treinava de manhã, a tarde e depois jogávamos juntas. Foi ruim o fim do convênio. Espero que a confederação consiga negociar com os clubes nossa liberação [para um período maior de treinos]. Acho que não teremos problemas. Mas é bom o atleta não se estressar com essas coisas de fora da quadra”, concluiu Alê.