AUSTIN E WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O Museu Americano de História Natural, em Nova York, no qual seria realizada a premiação de Pessoa do Ano para o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira (12) que aceitou a reserva antes de saber quem era o homenageado e que está “avaliando as opções”.

“A reserva do museu para a realização do evento externo, privado, em homenagem ao atual presidente do Brasil foi feita antes que se soubesse quem seria o homenageado. Estamos profundamente preocupados e estamos avaliando nossas opções”, publicou o museu em uma rede social.

A cerimônia de premiação de Bolsonaro, organizada pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, está marcada para 14 de maio. O local do evento, até o momento, é o Museu Americano de História Natural.

A reportagem questionou o museu sobre quais seriam as preocupações em relação a Bolsonaro e que opções estão sendo avaliadas pela instituição. Em nota, a assessoria criticou a posição do governo brasileiro sobre a preservação da Amazônia.

“Estamos profundamente preocupados, e o evento não reflete de nenhuma maneira a posição do museu de que há uma necessidade urgente de conservar a floresta Amazônica, que tem profundas implicações para a diversidade biológica, comunidades indígenas, mudanças climáticas, e o futuro saudável do nosso planeta”, diz o comunicado.

Bolsonaro e seus principais auxiliares têm um discurso considerado controverso sobre aquecimento global e a necessidade de preservação do meio ambiente.

O ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), por exemplo, disse que a discussão sobre aquecimento global é inócua e secundária, enquanto Ernesto Araújo (Relações Exteriores) já classificou o debate como “trama marxista”.

Nas redes sociais, muitos usuários pediram que o museu cancele a realização da cerimônia no local.

“Como pesquisador brasileiro, é revoltante que um indivíduo que despreza a ciência como ele seja homenageado por uma instituição científica. Vocês precisam cancelar pelo bem dos pesquisadores brasileiros, ele está literalmente nos fazendo deixar o país”, comentou o usuário identificado como Alexandre Palaoro.

Quando sua escolha como Pessoa do Ano foi anunciada, o presidente brasileiro comemorou e disse que se sentia honrado em receber o prêmio.

Aliados de Bolsonaro nos EUA já preparam um roteiro da viagem do presidente ao país para receber a homenagem em um jantar de gala.

Querem que, além do jantar, ele participe de outros compromissos na cidade, mas nada ainda foi fechado.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também estará em Nova York para uma palestra a empresários e investidores.

Todos os anos, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos escolhe duas personalidades, uma americana e outra brasileira, e as homenageia diante de cerca de mil convidados, com entradas ao preço individual de US$ 30 mil (R$ 116 mil). O nome do americano homenageado neste ano ainda não foi divulgado.

Em comunicado divulgado em fevereiro, a Câmara diz que a escolha de Bolsonaro como Pessoa do Ano é um “reconhecimento de sua intenção fortemente declarada de fomentar laços comerciais e diplomáticos mais próximos entre Brasil e EUA e seu firme comprometimento em construir uma parceria forte e duradoura entre as duas nações”.

Em março, Bolsonaro esteve em Washington para diversos encontros com personalidades alinhadas a seu campo ideológico conservador e uma reunião com o presidente Donald Trump.

Em 2018, foram escolhidos Sergio Moro, hoje ministro da Justiça da gestão Bolsonaro, e Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York e dono de uma das maiores fortunas dos Estados Unidos.