Antonio Barros – A Diorodeo visita as cavaleiras mexicanas Escaramuu00e7as

Um cemitério francês do século IV, em Arles, os estábulos do Castelo de Chantilly e um parque da Fundação Maeght, em Saint Paul de Vence abrigaram três grandes desfiles nesses últimos sete dias. Gucci, Dior e Louis Vuitton apresentaram suas coleções Cruzeiro 2019 em território francês e todas em clima teatral. 
Eu diria que a Gucci e a Dior continuam no mesmo mood das coleções passadas. Com variações, bien évidemment, principalmente no caso da Dior que continua focando nas histórias de mulheres. Desta vez, foi as cavaleiras mexicanas Escaramuças as escolhidas para o projeto 2019. A “Diorodeo” tem como um dos destaques mais apaixonantes os acessórios equestres. As postagens no Instagram davam muitos corações para o cinto-guaiaca. Eu lembro bem dos gaúchos de Bagé, minha cidade natal, usando-os e nunca deixo de pensar neles quando vejo uma. É uma indumentária típica de gaúchos e vaqueiros. A estilista italiana Maria-Grazia Chiuri quer para a madame da Dior uma imagem de mulher independente, desbravadora com seus vestidos de 5 mil euros e bolsas em torno de 2,5 euros igualmente. Amo os decotes de algumas peças e acredito muito nas botas de cavalaria para acompanhar as saias rodadas – marca registrada dessa fase da Dior. 
Indo para Gucci, o trabalho de Alessandro Michelle continua na direção do vintage. Eu adoro o vestido longo verde bandeira. E tenho uma certa nostalgia com a combinação moletom de paetês, calças de zebra e sapatinho preto com meia rosa numa obvia viagem aos anos 80. Lembro bem. Os vivi. 
Para finalizar essa minha visita visual aos três desfiles, chego no mais desafiador de todos: Louis Vuitton com Nicolas Guesquière no comando. É uma nova era. É um criador que desafiou quebrar os códigos da marca. Não existe uma sedução barata e nem nada fácil de aceitar na primeira passada de olho. A Vuitton de Guesquière tem botas cuissardes (acima dos joelhos, cobrindo as coxas) com solados grossos de borracha. É quase feio, mas por isso mesmo é bom e cria um desejo bizarro de tê-la.
Outra atração da Louis Vuitton Cruzeiro 2019 é a nova colaboração com a inglesa Grace Coddington, ex-editora de moda da Vogue América, modelo badalada nos anos 70 e uma figura respeitada pelo mundo da moda. Grace, que também é ilustradora, desenhou seus gatos Pumpkin e Blanket em perfil para serem colocados nas bolsas monogramas. A própria vestia pijamas com a estampa no dia do show. Desejei para mim. Bisous!


New generation – É rock e pop a coleção da Louis Vuitton. Tem códigos do passado no casaco que parece ser de penas ou, quem sabe, de folhas de seda recortadas, mas é muito fresca quando ele mistura com um caleçon e cria intrigantes cuissardes com solados grossos e coloridos. Um golaço de Guesquière.


De outros séculos – O desfile da Gucci teve fogo na volta da passarela, vozes fantasmagóricas enquanto os modelos desfilavam e um show de Elton John depois de tudo. As roupas seguem a linha brechó de luxo para não ter problemas com as vendas e continuar alimentando a loucura mundial pela grife. Voilà!