Franklin de Freitas – Colméia de abelhas estão cada vez mais presentes no meio urbano

Em tempos de cuidados com o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças, também é preciso cuidar de outros insetos. Nesta época do ano, no verão, de dezembro a março, é o período de maior incidência de acidentes com determinadas espécies.
Com o calor da estação, as pessoas deixam a pele mais exposta e, consequentemente, as picadas de insetos também se tornam frequentes. No caso de picadas por pernilongos e borrachudos, as reações são locais, com coceira e a possível ocorrência de inchaço na região onde foi a lesão. Nestes casos, a orientação dos especialistas é usar uma pomada antialérgica para aliviar os sintomas.
Mas há um outro grupo de insetos que pode desencadear reações alérgicas mais graves, como a anafilaxia, por exemplo. É o caso de formigas, vespas e abelhas.
“A anafilaxia pode acometer pele, provocando urticas, que são lesões altas, elevadas, que coçam bastante. Podem ser acompanhadas de inchaços deformantes de pálpebras, lábios e orelhas. Pode ocorrer sintomas respiratórios, provocando falta de ar, tosse e chiado no peito”, diz explica Alexandra Sayuri Watanabe, membro do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
“Sintomas gastrointestinais, como diarreia, náuseas, vômitos e cólicas abdominais, além dos sintomas cardiovasculares, com queda de pressão, tonturas e a parada cardiorrespiratória. Nem todas as anafilaxias vão resultar em paradas cardiorrespiratórias, que é o choque anafilático”, explica a médica.
Outra espécie que também causa transtorno nesta época do ano é a mariposa (lepidópteros). Elas são atraídas pela luz e, ao se debaterem perto de lâmpadas, liberam cerdas que podem atingir a pele ou ficar depositadas em roupas e outros objetos, e pode causar dor, queimação, coceira, vermelhidão e inchaço no local.
Abelhas
Acidentes com abelhas e vespas também são comuns nesta época de calor. Dentro das casas e quintais, os locais mais comuns para a instalação de colmeias são os beirais de edificações, postes de iluminação pública, ocos de troncos de árvores, fendas em muros e paredes. Os acidentes também podem ocorrer durante o processo de migração da colônia, quando as abelhas se aglomeram em enxames para procurar outro local para estabelecer a colmeia.
Quando o acidente ocorre com poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma inflamação local até uma forte reação alérgica (choque anafilático). Já no de caso de múltiplas picadas pode ocorrer uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes, ser até mesmo fatal.

Casos graves exigem tratamento específico
Para pessoas com reações mais graves, há o tratamento de imunoterapia veneno específica, muito eficaz nas anafilaxias provocadas pelas picadas de abelhas, formigas e vespas. “A imunoterapia específica diminui a chance de uma nova reação sistêmica quando a pessoa é exposta novamente, ou seja, após outra picada ou ferroada. Esse tratamento só pode ser indicado por médico especialista, após uma avaliação clínica minuciosa, exames laboratoriais e com a realização de testes cutâneos”, explica Alexandra Sayuri Watanabe, membro do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
O outro ponto importante a ser destacado é a adrenalina autoinjetável. É um dispositivo que contém a adrenalina, mas que ainda não é fabricado no Brasil, e o acesso é só via importação e no pronto atendimento.
“A adrenalina é o medicamento de escolha no tratamento emergencial da anafilaxia e, cada vez mais, as sociedades médicas e a população se mobilizam para que possamos ter um acesso maior a esse dispositivo”, conta a especialista da ASBAI.

Como prevenir
Abelhas, vespas e marimbondos
Em caso de um ataque maciço, procure jogar-se na água ou correr em zig-zag entre a vegetação
Jamais tente mexer com enxames de abelhas e vespas
Ao se defender, nunca mate a abelha no corpo, pois o inseto irá liberar feromônia, que dá uma espécie de sinal de alerta para o resto da colmeia
Pessoas alérgicas devem evitar locais onde existam abelhas e não usar produtos que exalem odores intensos, como perfumes e xampus
Evite passar a mão sobre a picada, o que pode liberar mais veneno
Se for detectado algum enxame localizado em um beiral, árvore ou quintal, evite provocar barulho e procure um profissional especializado para retirar a colônia
Mariposas
Fechar janelas e portas durante o entardecer por aproximadamente 2 horas
Apagar luzes externas das moradias
Retirar a roupa dos varais antes do entardecer
Nunca pegar o animal com as mãos sem proteção
Não coçar a pele em caso de contato com o inseto
Não levar as mãos aos olhos em caso de contato e lavá-las imediatamente