A oposição ao premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, pressionou nesta quinta-feira, 3, por uma rápida votação do Parlamento para encerrar formalmente seus 12 anos no poder, na esperança de impedir qualquer tentativa de última hora de desarticular o recém-anunciado governo de coalizão.

A última manobra política de Bibi começou poucas horas depois que o líder da oposição, Yair Lapid, e seu principal parceiro de coalizão, Naftali Bennett, declararam que haviam chegado a um acordo para formar um novo governo.

A coalizão é formada por oito partidos de todo o espectro político e com poucas ideias em comum, exceto o objetivo comum de derrubar Netanyahu. A aliança inclui a linha-dura conservadora, anteriormente aliada a Netanyahu, assim como partidos de centro-esquerda, esquerda e até mesmo uma legenda árabe – a primeira na política israelense.

Dando sinais de que não deve desistir tão fácil, Netanyahu atacou seus rivais nesta quinta-feira, 3. “Todos os membros da Knesset que foram eleitos com votos da direita precisam se opor a esse perigoso governo de esquerda”, escreveu no Twitter.

A coalizão anti-Netanyahu surge em um momento conturbado da vida de Israel: foram quatro eleições inconclusivas em dois anos seguidas por uma guerra de 11 dias na Faixa de Gaza no mês passado, que ocorreu ao mesmo tempo em que judeus e árabes se enfrentavam em cidades de todo o país. Israel também emerge da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, que provocou profundos danos econômicos e expôs tensões entre a maioria secular e a minoria ultraortodoxa.

O debate político nas ruas, porém, tem se concentrado em Netanyahu e se ele deve deixar ou permanecer no poder.

“Nunca tivemos uma coalizão como essa”, disse Hillel Bar Sadeh em um café em Jerusalém. “Gostamos de ter um novo espírito, gostamos de ter alguma unidade.” O dono da cafeteria, Yosi Zarifi, disse que confia na volta de Netanyahu ao poder. “Todos estão certos de que esse truque não vai durar”, disse.

O bloco anti-Netanyahu anunciou o acordo de coalizão pouco antes do prazo final, à meia-noite de quarta-feira. O acordo desencadeou um processo complexo que provavelmente se estenderá ao longo da próxima semana. A coalizão tem uma maioria mínima de 61 votos no Parlamento. Agora a questão é se nas votações o grupo se manterá unido para nomear um novo líder da Knesset, que então presidirá uma votação para confirmar o novo governo. Se a coalizão não conseguir, o atual presidente, que é um aliado de Netanyahu, poderia usar sua posição para atrasar a votação e dar ao premiê mais tempo para sabotar a coalizão.

“Haverá muita pressão, especialmente sobre os direitistas religiosos”, disse Gideon Rahat, professor de ciências políticas da Universidade Hebraica. “Eles irão à sinagoga e as pessoas vão pressioná-los. Será um pesadelo para alguns deles”, acrescentou. (Com agências internacionais)