O Coritiba confirmou recentemente a contração do ex-atleta Pereira para o cargo de gerente de futebol para o desafio do próximo ano do clube. Identificado com o time, o ex-zagueiro artilheiro voltou para o Alto da Glória desta vez com uma nova função: a de ser a ponte entre atletas e diretoria, como ele mesmo explicou.

De uma forma resumida é fazer essa ponte entre diretoria e o Departamento de Futebol, estar observando e fazendo o elo entre a categoria de base e a equipe principal, mostrando a cultura do Coritiba, apresentando o clube para os recém contratados, e cuidar do dia a dia do vestiário para que nós tenhamos um ambiente saudável, disse Pereira em entrevista ao site oficial do Coritiba.

Algum sentimento especial em voltar para o Coritiba? Afinal, sua passagem no clube foi marcante por conquistas dentro e fora de campo.

Pereira: É um sentimento muito bom por tudo o que passamos dentro do clube. Isso fez com que eu criasse uma identidade, um sentimento. Passei a ver o clube como torcedor. E sempre houve esse desejo da minha parte e eu estou muito feliz com o retorno.

Logo que parou de jogar, você foi convidado para trabalhar nos bastidores, mas preferiu esperar. E agora recebe este convite do Coritiba e topa a missão. Qual razão destas escolhas e qual foi o caminho que você seguiu desde sua saída dos gramados para entrar nos bastidores?

Pereira: Realmente houveram alguns convites, mas eu entendi que não era o momento. Era um ciclo que estava se encerrando, muito difícil. Creio que para todo jogador de futebol esse momento de parar é difícil. Eu precisava passar por esse estágio, estar muito bem resolvido, para que aí sim, eu buscasse alguma qualificação para buscar novos desafios e alguma função. Eu creio que hoje o momento é diferente e quando apareceu o convite do Coritiba, para mim não é um convite, é uma convocação. De pronto eu aceitei e creio que estou pronto para assumir esse desafio.

Explique um pouco sobre quais serão suas atribuições com gerente de futebol.

Pereira: De uma forma resumida é fazer essa ponte entre diretoria e o Departamento de Futebol, estar observando e fazendo o elo entre a categoria de base e a equipe principal, mostrando a cultura do Coritiba, apresentando o clube para os recém contratados, e cuidar do dia a dia do vestiário para que nós tenhamos um ambiente saudável.

Você acredita que suas características pessoais, aqueles que fizeram de você um xerife, um capitão clássico, podem ajudar na função que você assume no clube?

Pereira: Eu acredito que foram essas características que me credenciaram a ser convidado. Não tem como mudar, isso é peculiar, com o tempo você acaba aperfeiçoando. E o conhecimento empírico, por que isso é fundamental. Até por ter vivido essa situação do clube em 2010, você tem como falar com propriedade todos os processos que nós passaremos.

Como foi a tratativa para sua vinda ao Coritiba?

Pereira: As tratativas foram muito simples e rápidas. A diretoria me passou todo o projeto, o planejamento, onde eu me encaixaria. Eu me senti confortável e a impressão foi a melhor possível. É um projeto muito bem elaborado. Agora é trabalhar para colocar tudo em prática para que a gente tenha sucesso na temporada.

Você fará parte de uma equipe com sangue novo, pessoas com características próprias de uma geração de gestores e técnicos preparados conceitualmente, mas que também trazem uma boa experiência de dentro de campo e de bastidores do futebol e do próprio clube. Como conciliar estes inúmeros fatores para um resultado em campo?

Pereira: Essa é a tendência do futebol atual. Nós podemos observar os clubes brasileiros passando por esse processo de renovação apostando em jovens treinadores, novos gestores, alguns novos cargos surgindo. E eu acredito muito nisso, acho que essa receita é ideal, você conseguir mesclar um pessoal com conhecimento acadêmico junto com um pessoal que vivenciou isso no dia a dia na prática e tem o conhecimento empírico. Acho que se você conseguir extrair tudo isso e colocar no dia a dia é a grande receita para que a gente tenha sucesso.

Uma de suas funções será representar atletas e comissão técnica perante a gestão administrativa e a diretoria de futebol do clube. Quando atleta, quais foram os seus exemplos desta função, aquelas pessoas as quais você lembra terem exercido este papel e irá se inspirar?

Pereira: De certa forma, indiretamente, eu já fazia isso. Normalmente eu era o representante do grupo perante a diretoria, então eu tentava fazer essa comunicação que é muito importante e não pode falhar. Tem que ter esse feedback. Você tem que entender um lado e o outro. Você tem saber passar e levar as informações, tem que filtrar algumas coisas. Eu creio que aí que está o segredo do fluir de toda a engrenagem.

Com relação aos exemplos, eu subi e peguei um Santos recheado de jogadores consagrados, Rincón, Valdo, Carlos Germano, Márcio Santos, Edmundo, Claudiomiro, Dodô, Caio… enfim foram vários mesmo e era um grupo muito forte. E foi a melhor escola que eu pude ter, porque com esses jogadores mais velhos a gente conseguia detectar neles esse senso de liderança, a ambição por conquistar… então eu não pude ter escola melhor. E depois, ao longo da carreira, em todo clube que você passa, você encontra alguém que exerce essa função. O Tcheco mesmo quando estávamos no Grêmio era um cara que fazia isso muito bem. Temos vários exemplos e agora é extrair um pouco de cada e colocar isso tudo em prática.