O conservador britânico Boris Johnson foi oficializado nesta terça-feira, 23, como novo premiê do Reino Unido, substituindo Theresa May. Ex-prefeito de Londres e ex-chanceler, Johnson é um crítico contumaz da União Europeia e agora terá a tarefa de resolver ele mesmo o pesadelo de conduzir o país pelo Brexit.

Na disputa interna do Partido Conservador, Johnson derrotou Jeremy Hunt, seu sucessor na chancelaria britânica, obtendo 66% dos votos dos membros da legenda. Os conservadores mantêm uma maioria estreita no Parlamento, mas suficiente para confirmar Johnson como sucessor de May, o que deve ocorrer nesta quarta-feira, 24.

O ritual britânico determina que May deixe o cargo depois de ir ao Palácio de Buckingham para ver a rainha Elizabeth, que indicará Johnson formalmente antes de ele entrar em Downing Street.

Johnson assume o cargo em um dos momentos mais críticos da história recente do Reino Unido, com a imediata missão de gerenciar a saída da UE em cerca de três meses – o prazo de saída é 31 de outubro. No entanto, seus desvios políticos, a falta de atenção aos detalhes e os pronunciamentos contraditórios deixaram os britânicos em dúvida sobre como o processo transcorrerá.

O novo premiê já afirmou que a separação da UE ocorrerá com ou sem acordo com Bruxelas. Assim, sua vitória o coloca diante de uma possível crise constitucional, já que os parlamentares britânicos prometeram derrubar qualquer governo que tente tirar o país do bloco sem negociação.

Johnson, de 55 anos, disse que o mantra de sua campanha pela liderança foi “realizar o Brexit, unir o país e derrotar (o líder opositor trabalhista) Jeremy Corbyn – e é isso que faremos”.

“Vocês parecem intimidados? Vocês se sentem intimidados? Não acho que parecem nem remotamente intimidados”, disse Johnson a partidários no centro de conferências Rainha Elizabeth, em frente ao Parlamento. “Concretizaremos o Brexit.”

O pequeno percurso entre o Parlamento e o palácio, que será feito em breve por ele, será o ápice da carreira de um ex-jornalista, cuja ambição quando criança era se tornar “o rei do mundo”. Johnson chega ao comando do governo após escrever uma biografia de seu herói, Winston Churchill, e de ter ganhado a bênção de Donald Trump.

A fanfarronice e o ar distraído escondem um dom incomum de se comunicar com eleitores, o que fez dele um dos políticos mais conhecidos do país por anos. Mas seu apoio ao Brexit e sua propensão a pronunciamentos que nem sempre se sustentam sob escrutínio o tornaram uma figura polarizadora.

Agora, as atenções se voltam para seu novo gabinete e para os sinais que ele dará sobre se realmente seguirá uma linha dura na conduta do Brexit uma vez no cargo ou abandonará a retórica explosiva para buscar um acordo com a UE.

O Parlamento britânico já rejeitou o plano de saída de May três vezes este ano. A premiê demissionária é contra uma ruptura severa e teme as consequências econômicas no caso de uma saída sem acordo.

A turbulência em torno do Brexit tem levantado questões sobre a durabilidade do próprio Reino Unido, renovando conversas sobre a possibilidade da independência da Escócia e sobre a reunificação da Irlanda. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.