Divulgação – A candidata Indiara Barbosa

Única sigla sem candidato próprio ou coligado ao governo do Estado, o Partido Novo lançou 16 candidatos apenas à Câmara Federal nestas eleições, as primeiras nacionais da legenda criada em 2011. Para eleger ao menos um deputado, o partido precisará atingir o quociente eleitoral, próximo de 180 mil votos, e isso exige da pequena chapa uma meta pesada para que a campanha tenha algum resultado prático. O mínimo para que o partido rompa a cláusula de barreira é cinco e a meta da legenda é eleger 15 deputados.

O objetivo fica ainda mais difícil quando se fala em financiamento das campanhas. Um dos princípios da legenda, pregado à exaustão pelo candidato à presidência da República, João Amoêdo, é a devolução dos R$ 3 milhões do fundo eleitoral a que o partido tem direito. A alternativa de financiamento para as campanhas é a doação de pessoa física, por meio de “vaquinhas” online, ou com dinheiro do próprio bolso dos candidatos.

Entre as 16 candidaturas a que declarou ter arrecadado o maior volume de recursos é a de Indiara Barbosa, com R$ 45 mil em doações de pessoas físicas. Ela também criou uma vaquinha na internet nesta semana. Em três dias, arrecadou R$ 8 mil com 45 doações. “Aí é família, amigos, os primeiros meu pai e minha mãe”, conta. O dinheiro, segundo Indiara, veio de dez pessoas conhecidas, entre empresários e amigos.

Estado mínimo – A candidata, que é auditoria contábil, disse que recebeu apoio da empresa em que trabalha, uma multinacional de auditoria, que pediu para o nome não fosse divulgado. “Eles estão me apoiando, consegui pegar uma licença não remunerada durante a campanha. Eles preferem que não exponha a empresa porque tem um regimento interno que não é para apoiar posição política”, revela.

Indiara disse que decidiu participar da eleição há um ano. “Eu conheço (o partido) desde que surgiu a ideia. Li uma entrevista do João Amoedo, e me interessei desde o início. Eu apoio a redução do tamanho do Estado, a ideia do livre mercado, eficiência no serviço. Me filiei e há um ano decidi me candidatar”, afirma. O relativo sucesso na arrecadação nos primeiros 12 dias de campanha está relacionado, segundo a candidata, à sua dedicação. “Estou trabalhando na minha campanha desde junho ‘full time’, incentivando as pessoas para participarem com doações. Vamos ter um jantar agora e estamos fazendo uma forte campanha”, afirma.

Indiara nunca teve atividade política, mas sempre se interessou pelo assunto. “Sempre me interessei por política, desde a época do colégio, participei de grêmio, não muito diretamente, mas participei. Fiz muito trabalho voluntário, sou escoteira, e na empresa sou coordenadora da área de responsabilidade cooperativa, (as atividades) são cursos de educação financeira para jovens de 13 a 15 na Vila Torres e no Parolin”, afirma.

Entre os outros candidatos do NOVO no Paraná, Amália Tortato, que declarou ter arrecadado até agora R$ 5.431,27, é a que tem fontes mais diversificadas. Declarou que R$ 3,1 mil são de doações de pessoas físicas, R$1.831,27 de Recursos de Origem Não Identificadas (RONIs) e R$ 500,00 do próprio bolso. Os outros são Carlos Sviontek, de 27 anos, que conseguiu R$ 32,5 mil e Thiago Martines, com R$30,8 mil, ambos integralmente com doações de pessoas físicas.

‘Todos vêm do mercado’, diz dirigente

Apesar de poder lançar até 45 candidatos a deputado federal, o Novo lançou apenas 16 nomes à Câmara no Estado, porque segundo seu presidente no Paraná, Ubiratan Guimarães, enfrentou dificuldades de encontrar pessoas que não sejam tradicionalmente vinculadas à política e que se submetam às cobranças da vida pública. Guimarães também afirma que o partido faz um processo seletivo para que fossem oficializados apenas os candidatos mais preparados e que tenham um discurso alinhado com o da legenda. 

“E a cota (de gênero). Queríamos dez mulheres para fazer uma chapa com 30 nomes. O fato de ter o processo seletivo e o Novo ser rigoroso nisso, muitas não vão até o final e impacta”, afirma. 

De acordo com Ubiratan, o perfil dos candidatos no Paraná é de pessoas que estão “no mercado”. Dos 16 lançados, cinco são médicos. “Todos tem muito boa de graduação e pós-graduação e são todos do mercado, de pessoas que têm cargos importantes dentro da empresa, a empreendedores. Um tem um escritório de finanças, de fundos de investimentos; outro tem uma lotérica; outro um escritório contábil. Médico, advogado, locados em empresas e empreendedores, bem liberais. Todos vêm do mercado, todos têm pouca experiência política. Um que já é um advogado de escritório, que é o Rolan Hansson, que já teve um cargo grande na GVT. É um pessoal muito bem preparado academicamente, tecnicamente, mas novos na política”, diz.

Segundo Ubiratan, a legenda recém-criada, por trabalhar com poucos nomes, também consegue assessorar os candidatos com mais efetividade. “A estratégia foi tentar dar o maior suporte possível com assessoria contábil e assessoria jurídica. Nós buscamos empresários para doar para eles. Temos um conselho e esse conselho também ajuda nesse tipo de trabalho. (o candidato beneficiado com as doações) fica a critério do conselho”, conta.