SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estudo “Quais os Reais Custos e Benefícios das Fontes de Geração Elétrica no Brasil?” carece de uma análise mais aprofundada do impacto ambiental no preço da eletricidade, segundo especialistas.

O levantamento foi apresentado no seminário Segurança e Sustentabilidade da Matriz Elétrica Brasileira realizado pela Folha de S.Paulo em parceria com o Instituto Escolhas na sexta-feira (19).

Para Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal, o documento deveria contemplar o impacto da perda de biodiversidade, dos alagamentos causados pela instalação de hidrelétricas e do deslocamento das populações locais devido aos empreendimentos.

Na área ambiental, o estudo atual leva em conta só emissões de gases do efeito estufa.

Esses outros fatores ambientais estarão em um novo levantamento que irá complementar o estudo atual, de acordo com Mário Veiga, presidente da PSR, consultoria que fez o relatório encomendado pelo Instituto Escolhas. Os novos dados serão finalizados dentro de um ano.

Mesmo sem considerar os impactos ambientais em sua totalidade, o estudo aponta uma alternativa para inovar o modelo econômico da produção de energia ao criar uma valoração adequada de atributos como infraestrutura, subsídios e custo de operação.

Segundo especialistas, o setor elétrico estaria hoje à beira de um colapso por distorções na aplicação de subsídios, ineficiência e falta de diálogo com a sociedade.

“Na hora de construir novas unidades de produção, a escolha deve ser técnica e transparente, identificando para quem vai pagar qual é o custo final de cada opção”, afirmou Paulo Pedrosa, ex-secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia.

A mudança de modelo do setor precisa ter uma participação mais forte da iniciativa privada, segundo Zeina Latif, economista-chefe na corretora XP Investimentos.

“As empresas devem trazer demandas da sociedade e ajudar na reconstrução do sistema. Não vai ser a classe política sozinha que vai resolver os problemas”, disse Zeina.