Henry Milleo – “Alunos do Enem

No segundo domingo de provas, 1.610.681 estudantes faltaram ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que representa 29,2% dos 5.513.726 inscritos. O índice é maior do que o do domingo passado, que foi de 24,9%, mas é menor que as taxas registradas no segundo dia de provas em 2016 e 2017.

O ministro da Educação, Rossieli Soares, afirmou ser normal o aumento de ausências no segundo dia do exame. “O número de ausências foi menor que nos últimos anos, mas é um pouco maior do que no primeiro dia, o que é normal. Às vezes, o aluno não tem o desempenho que deseja ou imagina e acaba não indo no segundo dia”, argumentou.

Neste domingo, 66 estudantes foram eliminados, a maioria por descumprimento das regras gerais do edital, como sair antes do horário permitido, usar material impresso e não atender a orientações dos fiscais. Dois foram eliminados na revista no detector de metais e por recusa na coleta dos dados biométricos.

Em nenhum local, a aplicação da prova foi suspensa. “A logística da aplicação funcionou maravilhosamente bem. Foi a melhor aplicação da história do Enem”, afirmou o ministro.

Os 1.752 participantes afetados, no domingo passado (4), pela interrupção de energia elétrica, em Porto Nacional (TO) e Franca (SP), têm direito à reaplicação, dia 11 de dezembro, das provas de linguagens, redação e ciências humanas. As provas para pessoas privadas de liberdade serão aplicadas dias 11 e 12 de dezembro. 

Genética, combustíveis e eleições 
O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 trouxe questões que abordaram a genética das plantas, o uso de combustíveis em veículos e a teoria das eleições. Neste domingo, 11, os candidatos resolveram 90 questões de Matemática e Ciências da Natureza – que engloba as disciplinas de Química, Física e Biologia. 

Na avaliação de professores de cursinho, a prova estava bem contextualizada com temas do cotidiano e de atualidades.

Para Allan Rodrigues, professor do Descomplica, a prova de química teve menos questões de cálculo e foi mais simples do que no ano passado.

As duas únicas questões que exigiam contas eram sobre termoquímica. Uma delas envolvia combustíveis fósseis, tema já recorrente no exame, e a outra era relacionada com estequiometria. As poucas questões de cálculo tornaram a prova mais fácil, segundo Rodrigues. “O aluno tem mais tempo nas questões teóricas, isso foi muito bom. As contas que caíram foram mais fáceis, fato que não acontecia na história do Enem. Neste ano, as divisões eram fáceis e perfeitas.” 

Caíram outros assuntos recorrentes na prova, como detergente, hidrólise salina e combustível fóssil – nesta, tratava do craqueamento do petróleo. Para o professor, uma questão sobre reação orgânica é uma das que os alunos vão ter mais dificuldades na prova.

Para ele, a novidade da prova na disciplina foi uma questão de distribuição eletrônica, que nunca havia caído no Enem. No texto, o tema é relacionado com tabela periódica, também pouco utilizada na prova. “É difícil ter perguntas sobre tabela periódica no Exame, pois não há imagem dela para consulta. Desta vez, não precisava necessariamente consultá-la. Inclusive, foi uma questão muito bem feita”, afirma Rodrigues.

Em Biologia, o professor Alexandre Bandeira, do Descomplica, diz que caíram menos questões sobre ecologia. O tema foi abordado em uma pergunta sobre corredores ecológicose a manutenção da biodiversidade. Já o tema de citologia abordou o funcionamento da célula diante de uma glicemia e uma pergunta sobre divisão celular. Nesta questão, a dificuldade maior era com a proteína P53, pouco conhecida dos estudantes, segundo Bandeira. Uma outra questão de citologia citava o uso de peroxissomos para a redução de toxidagem na fabricação do jeans. Outro grande tema que caiu na prova foi código genético e especiação. Em uma das perguntas, pedia a identificação genética das plantas que geraram uma semente apresentada na questão. “Foi uma das mais difíceis da prova”, conta Bandeira.

Gabarito
Os participantes responderam, ontem, às questões de matemática e ciências da natureza. Foram cinco horas para resolver 90 questões. As provas foram aplicadas em 10.718 locais, distribuídos em 1.725 municípios. São cerca de 600 mil pessoas envolvidas na aplicação do Enem. O gabarito oficial será divulgado em 14 de novembro, juntamente com os cadernos de questões. Já o resultado deverá ser divulgado até o dia 18 de janeiro de 2019. A nota do Enem pode ser usada para concorrer a vagas no ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou a bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e para participar do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).