Há três anos o brasileiro vivia um exultante clima nacionalista com a organização da Copa do Mundo de 2014. Até os morros do Rio de Janeiro estavam aparentemente pacificados. Pense você. E aí veio o 7 a 1 contra a Alemanha. Jogo que ninguém quer lembrar. Eu também não queria e por isso nem vou me alongar. Mas a sensação de impotência diante dos alemães voltou à tona. Com o placar apertado de 4 a 3, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, eleita em 2014, da acusação de abuso de poder econômico. Em outras palavras, a chapa Dilma/Temer teria tido acesso a tantos recursos financeiros que provocou um desequilíbrio na disputa eleitoral de 2014.

Estes recursos, ainda segundo a acusação, teriam origem num engenhoso esquema de propina, que vem sendo desvendado pela Operação Lava Jato. Nunca se teve um material tão farto, um conjunto de provas tão acessível, com planilhas, demonstrativos contábeis e depoimentos tomados em delações premiadas, que reforçavam as suspeitas.

Antes da votação, já se comentava que aquele seria o maior e mais importante processo analisado pela Corte Eleitoral – pela robustez de documentação que corroborava a acusação e pela oportunidade inédita de julgar o presidente da República no exercício do mandato.

Foram ingredientes que permeavam a sessão do TSE, que se arrastou por quatro dias. Ao final, o que se viu foi um 4 a 3 pró-absolvição que foi mais vexatório do que os 7 a 1 para a Alemanha. O que se viu ao longo das arrastadas sessões foi uma fogueira de vaidades internas do TSE. A todo tempo, o ministro Gilmar Mendes, que preside o TSE, mostrava-se incomodado com os termos usados pelo relator, ministro Herman Benjamin – uma das três vozes que se levantaram pela cassação. Sim, o mesmo Gilmar Mendes que frequentou reuniões no Palácio do Planalto com Temer e na própria residência oficial do presidente. Encontros estes sempre pautados pelo interesse nacional, dizia o ministro, e que não guardava nenhuma relação com o julgamento que estava por vir – ainda nas palavras do magistrado. O mesmo Gilmar Mendes que em conversa com o senador Aécio Neves (PSDB), que estava com o telefone interceptado pela Polícia Federal, recebia ordens do tucano para convencer um parlamentar sobre a discussão do foro privilegiado. Mas Gilmar Mendes não era o único. Assistimos ao voto do ministro Admar Gonzaga, que foi advogado da campanha de Dilma em 2010, campanha esta também envolta de suspeitas, pela absolvição da ex-cliente. E, por derradeiro, não menos chocante, o ministro Napoleão Nunes Maia que usou a sessão do TSE para se defender das denúncias de que ele teria citado nas delações premiadas das empresas JBS e OAS.

Além da sessão de impotência diante do julgamento, relevante aqui citar pesquisas de opiniões que mostram a popularidade de Temer com apenas um dígito, o resultado pela absolvição, comemorado pelo presidente em uma festa de aniversário do aliado Rodrigo Maia – presidente da Câmara -, o TSE encorajou Temer a enfrentar a tudo e a todos. Acredita ele, que agora nada o retira do Palácio do Planalto – nem a iminente ação que será proposta pela Procuradoria Geral da República (PGR) – já que terá de passar pela Câmara dos Deputados, presidida pelo aliado aniversariante. O único, e talvez último, obstáculo que pode tirar Temer da presidência atende pelo nome de Rodrigo Rocha Loures – o homem da mala. Se decidir contar tudo que sabe e fez, em delação, o presidente da República sucumbe.

Enquanto isso, Temer vai se cercar de partidos políticos que o sustentem no Palácio. O PSDB, que sempre esteve em cima do muro, desceu. Com o discurso público de apoiar as reformas necessárias para o Brasil, mas com a promessa de receber apoio na eleição presidencial de 2018, os tucanos tomaram o lado de Temer – na contramão da vontade popular. A história vai mostrar se o caminho agora trilhado foi o mais acertado – apesar das vozes dissidentes dentro do ninho do PSDB. Valeu a vontade de Aécio Neves que também será julgado e espera o mesmo desfecho do adotado no TSE. Gol de Temer. Gol de Aécio. Gol de Gilmar Mendes. Gol da Alemanha. E mais uma derrota do povo brasileiro.


A história vai mostrar se o caminho agora trilhado foi o mais acertado – apesar das vozes dissidentes dentro do ninho do PSDB. Valeu a vontade de Aécio Neves que também será julgado e espera o mesmo desfecho do adotado no TSE. Gol de Temer. Gol de Aécio. Gol de Gilmar Mendes. Gol da Alemanha. E mais uma derrota do povo brasileiro.


Delação bomba tem como alvos políticos do Paraná

A Justiça deve homologar nos próximos dias mais uma delação premiada com ingredientes suficientes para implicar políticos poderosos. Desta vez, a hecatombe tem como destino o estado do Paraná e nada tem a ver com a Operação Lava Jato. A delação bomba é de Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, preso na operação Carne Fraca, também da Polícia Federal. Daniel relatou aos procuradores da República o pagamento de um mensalinho com cifras próximas a R$ 100 mil. Os nomes dos destinatários da mesada foram revelados sem pudor – a grande maioria deles com foro privilegiado. A delação vai citar deputados federais e até senador da República. É esperar para ver. 29 de Abril aqui nãoOs vereadores de Curitiba estão num dilema. De um lado precisam aprovar com urgência o pacote fiscal encaminhado pelo prefeito Rafael Greca (PMN). Do outro, temem que a votação se transforme num quebra-quebra, com proporções, claro, menores do que foi visto no 29 de abril – quando foi votado o ajuste fiscal do Governo do Estado. No meio disso tudo, os vereadores preocupados em atender o Executivo municipal, mas de olho no eleitorado.


Filho de Rocha Loures deve nascer nesta semana

Está marcado para esta sexta-feira (16) o nascimento do filho de Rodrigo Rocha Loures. Preso pela Polícia Federal em Brasília, suspeito de receber uma mala de R$ 500 mil em propina da JBS, Rocha Loures vai ter de acompanhar de longe os primeiros dias de vida. A esposa, Ana Seleme, foi visitá-lo na cadeia e pediu que fechasse um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República. Ela quer que Rocha Loures conte tudo que sabe em prol da família, de viver junto ao filho. Quem estaria aconselhando a não fazer a delação é o pai dele, Rodrigo da Costa Rocha Loures, que teria orientado a esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de liberdade.