Falta pouco mais de um ano para o apito inicial da Copa do Mundo no Maracanã e apenas quatro meses para o Brasil sediar a Copa das Confederações. A contagem regressiva para os dois eventos, no entanto, já começou há algum tempo e não se encerrará no apagar das luzes dos estádios. Vivemos um momento único para termos o que chamo de Choque de Copa, isto é, o engajamento entre prefeitos, governadores, governo federal, e Fifa para desenhar, em torno das seis cidades-sede do evento teste, um tratado para o sucesso desse evento, capaz de motivar e transformar toda a nação.
Não há momento mais propício para um choque de gestão como agora, com a urgência do Mundial e com a possibilidade de, a partir da Copa das Confederações, disseminar rapidamente as ações de êxito comprovado, e criar planos para corrigir os problemas identificados.
Um choque de gestão promoveria um modelo transparente, eficiente, integrado entre todas as instituições, cidades-sede e cidades de concentração. Teria ainda um planejamento em longo prazo, voltado para resultados concretos, não apenas para os megaeventos, mas que reverberem pelas próximas décadas e gerações futuras.
A Copa do Mundo será para nós, brasileiros, um marco na trajetória de modernização da infraestrutura de nosso País e na construção de uma verdadeira potência mundial. Ela deve ser encarada como um meio, e não um fim, para que se alavanquem grandes investimentos e consequentes melhorias nas cidades – seja em capacitação, infraestrutura, serviços. É ainda o momento para que os prefeitos recém-eleitos tomem consciência e atuem imediatamente para que isso traga ainda o engajamento da população. Essa foi uma peça fundamental para o sucesso de megaeventos passados, como as Olimpíadas em Londres (2012) e Barcelona (1992).
O apoio da população só será possível a partir de ampla comunicação, gestão clara e uma Agenda Positiva. É preciso mostrar que muita coisa já está sendo entregue, e que os governos, iniciativa privada e sociedade conjugam uma palavra de ordem: mobilização.
Com esse Choque da Copa teríamos um novo modelo de gestão e também uma nova mentalidade no País, passando a contar com instituições fortes, que unem esforços em torno de um objetivo comum, sem bairrismos e visando um movimento de transformação mais amplo.  A Copa tem o papel de fazer do Brasil um país que faz acontecer, com reconhecimento internacional, cuja população passaria a exigir e buscar um patamar superior de serviços, infraestrutura, e qualidade de vida. É a chance singular de ver florescer uma nova geração com uma autoestima muito maior, à luz de novos horizontes. Esse seria o mais importante legado que a Copa deixaria ao País, ou melhor, deixará. Não temos escolha. O país já respira os ares da Copa com a esperança de trazer mais um título no campo e a convicção de uma grande vitória que precisa ser consolidada fora das quatro linhas, com talento, profissionalismo, dedicação, ações rápidas e bem estruturadas para potencializar os legados que já podem ser percebidos e convertê-los em desenvolvimento sustentável.
Avante Brasil!

Marcos Nicolas é diretor executivo de consultoria da Ernst & Young Terco e está à frente de uma equipe dedicada a serviços voltados para a Copa do Mundo 2014