A estratégia traçada pelo PT para disputar a presidência da República nestas eleições vem sendo desempenhada à risca. Desde antes da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, passando pela inepta candidatura do ex-presidente, permeando o lançamento de Fernando Haddad como cabeça de chapa, culminando com a passagem pelo segundo turno e o cenário que hoje coloca a menos de duas semanas antes do fim do pleito eleitoral. Tudo fora minimamente esquadrinhado pelos caciques do PT – e aqui, obviamente, inclui Lula. 
A mais recente pesquisa de intenção de voto do Ibope revela um crescimento de Haddad, não de votos, mas de rejeição. O candidato do PT, pela primeira vez, teve sua rejeição maior que a de Jair Bolsonaro (PSL). O petista alcançou a recusa de 47% dos eleitores ouvidos pelo Ibope, contra 35% de Bolsonaro. Apesar do revés, tanto na rejeição quanto na intenção de voto, repito, tudo isso era esperado pelo PT e também por Haddad. 
Fernando Haddad está colhendo o bônus e o ônus dos atos do PT dos últimos 12 anos. Das gestões petistas na presidência da República. Colhe a popularidade de Lula, dos resultados na economia, principalmente na gestão do ex-presidente, e os avanços no campo social. E com este recall tem dito nos programas eleitorais que o país precisa manter e ampliar tais programas. Mas, ao mesmo tempo, tem que carregar os malfeitos do PT, e não foram poucos, com sucessivos casos de corrupção. 
A imensa maioria da rejeição de Haddad guarda relação com o PT e não a ele. E o candidato do PT sabe disso. Tanto é que ele tem ensaiado uma tentativa pública de declarar mea-culpa de setores do Partido dos Trabalhadores envolvidos até o pescoço com escândalos de corrupção. Existe, porém, uma resistência muito grande dos caciques petistas – alguns deles que ainda respondem processos na Justiça. Esta dicotomia tem provocado um racha nas alas do PT. 
Enquanto o Partido dos Trabalhadores não descer do pedestal e reconhecer, minimamente, seus erros – nem que seja para se declarar omisso –, seus candidatos terão sérias dificuldades nas urnas. 

Greca já de olho em 2020
Nem bem terminaram as eleições de 2018 aqui no Paraná, aguardando apenas o 2º turno na disputa presidencial, já tem políticos pensando no pleito de 2020. Rafael Greca (PMN), prefeito de Curitiba, será candidato natural à reeleição, mas o cenário lhe é desfavorável. Greca perdeu inúmeros apoios. Seu padrinho político, o então governador Beto Richa (PSDB), pensa em dar adeus à vida política após o fraco desempenho nas urnas. O prefeito apostou em Cida Borghetti (PP) para o governo do Estado, que acabou superada por Ratinho Júnior (PSD) que liquidou a fatura no 1º turno. 
As duas maiores apostas de Greca nas eleições proporcionais também desapontaram. Para a Assembleia Legislativa, o prefeito apostou no vereador Píer Petruziello (PTB), seu líder na Câmara de Vereadores, que acabou ficando pelo meio do caminho. Para a Câmara Federal Greca tinha como objetivo eleger Edenilso Rossi (PMN), empreiteiro que foi preso em flagrante pelo Gaeco envolvido com a construção de um novo prédio do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Rossi acabou com pouco mais de 30 mil votos – ficando longe de uma cadeira em Brasília. 
Ao mesmo tempo em que apostou em escolhas erradas, Greca viu ressurgir um candidato que pode lhe incomodar em 2020. O delegado da Polícia Federal, Fernando Francischini (PSL), obteve mais de 420 mil votos para deputado estadual – sagrando-se o campeão de votos para a Assembleia de toda história. Só em Curitiba, Fransichini fez quase 140 mil votos – número que causa pavor em Greca.