Geraldo Alckmin parece ser o exemplo mais fidedigno do completo antagonismo do clamor popular quem vem das ruas. Talvez esta, juntamente com um discurso desconexo aos anseios dos eleitores brasileiros, seja a principal explicação para explicar o pífio desempenho do candidato tucano à presidência da república. 
De Alckmin esperava-se muito. Diante de uma esquerda e direita radical, ele representaria a razão, o equilíbrio adicionada a experiência de já ter concorrido ao cargo e governado, sem muito brilho, é verdade, o Estado de São Paulo. O tucano fez o dever de casa: reuniu os principais partidos numa ampla aliança. Em 19 de julho comemorava o ingresso do “Centrão” na aliança. Isso, por si só, representa o reforço de mais de 160 deputados federais e 21 senadores somados do DEM, PP, PRB, Solidariedade e o PP que se juntavam ao PSD, PV, PTB e PPS – além, claro do PSDB.   
Passada as convenções, a “máquina de fazer votos” montada por Alckmin era de fazer inveja. Senão, vejamos os números: os 10 partidos que estavam na chapa garantia ao candidato tucano mais da metade de todo horário eleitoral, além de mais de R$ 820 milhões do fundo público criado para custear a campanha eleitoral. Em qualquer campanha política recente, desde a redemocratização, estes eram os ingredientes para fazer qualquer candidato subir a rampa do Palácio do Planalto. 
Geraldo Alckmin parece não ter se atinado para uma coisa: o eleitor. Cansado de corrupção, talvez sentimento nunca aflorado, a população brasileira parece que de fato se cansou do blablabla dos discursos eleitoreiros. E o tucano investiu seu tempo de televisão basicamente nisso. Para cada tema abordado tinha a receita do bolo na ponta da língua. Mas o tucano não conseguiu chegar dentro da casa dos eleitores. Suas propostas estavam distantes da triste realidade sentida pela imensa maioria da população brasileira. 
Prova disso são os números. Se a eleição terminasse hoje, Geraldo Alckmin teria despendido nada menos que R$ 49,7 milhões na campanha eleitoral. Fortuna que lhe rendeu, segundo números do último Ibope, 8% do eleitorado – pouco mais de 11,7 milhões de brasileiros — considerando que 147.306.275 eleitores estão aptos a votar. 
Jair Bolsonaro (PSL), que desde o início do período eleitoral figura como primeiro colocado, declarou ter gasto “módicos” R$ 1,2 milhões em toda a campanha até aqui. Para se ter uma ideia, R$ 1,2 milhão foi quanto Geraldo Alckmin gastou só com uma empresa de táxi aéreo.
O candidato do PSL, que tem oito segundos para apresentar suas propostas no horário eleitoral, coleciona 31% das intenções de voto – ainda segundo último levantamento do Ibope. O que significa pouco mais de 45,5 milhões de votos. 
Passado o 7 de outubro, Alckmin dará adeus à disputa eleitoral de 2018 de forma melancólica. Os partidos que hoje o cercam já estão pendendo para os dois candidatos mais bem avaliados na disputa. Alckmin, possivelmente, ficará de fora do restante da eleição. Esta campanha eleitoral só serviu para Geraldo Alckmin se reafirmar como “Picolé de Chuchu” – alcunha dada pelo colunista José Simão na eleição de 2012 devido ao estilo “insosso” do tucano. Ou melhor: a transformação de um tucano em um avestruz.  
Sobre a pesquisa: Margem de erro: 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Entrevistados: 3.010 eleitores em 208 municípios.Quando a pesquisa foi feita: 29 e 30 de setembro. Registro no TSE: BR- 08650/2018. Contratantes da pesquisa: TV Globo e “O Estado de S.Paulo”. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. 0% significa que o candidato não atingiu 1%. Traço significa que o candidato não foi citado por nenhum entrevistado.