Com cinco casos confirmados de coronavírus em Curitiba nesta quinta (12), várias dúvidas pairam entre a população. A primeira delas é sobre aonde ir se tiver sintomas respiratórios. Na entrevista coletiva da manhã desta quinta, os secretários estadual e municipal de Saúde, Beto Preto e Márcia Huçulak, diisseram que quem estiver com sintomas respiratórios deve procurar as unidades básicas de saúde para fazer um primeiro diagnóstico sobre a possibilidade de coronavírus e evitar ir diretamente a hospitais. Na média mundial, cerca de 90% dos casos de corona são considerados leves. O restante divide-se em moderados (que podem necessitar de internamento) e graves (que necessitam). Os casos graves devem ser encaminhados a um Hospital de Referência para isolamento e tratamento. Os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde (APS) e instituídas medidas de precaução domiciliar.
1) O que é o coronavírus?
Os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados de 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Porém, alguns coronavírus podem causar doenças graves com impacto em termos de saúde pública, como já verificado com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), identificada em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), identificada em 2012.
2) Qual é a diferença entre o novo coronavírus para os outros vírus?
A doença provocada pelo novo coronavírus chama-se COVID-19, sigla em inglês para “coronavirus disease 2019” (doença por coronavírus 2019, em tradução livre).
Os primeiros casos foram registrados inicialmente na China, no final de 2019. Há registros em outros locais do mundo, com casos de mortes.
3) Existe vacina para prevenção ao coronavírus?
Até o momento, não. No entanto, cientistas ao redor do mundo e no Estado de São Paulo, como as equipes do Instituto Butantan, já iniciaram pesquisas para desenvolvimento de vacina. Ainda é precoce indicar se e quando ela estará disponível.
4) Como é o tratamento?
Até o momento, não há nenhum medicamento ou vacina que possam prevenir a infecção pelo coronavírus. As medidas preventivas ainda são a melhor maneira de se proteger. O coronavírus pode ser transmitido de forma semelhante à influenza ou outros vírus respiratórios, pelas gotículas respiratórias, por tosse e espirros em curta distância ou pelo contato com objetos contaminados pelo vírus.
5) Quais os sintomas do coronavírus?
Os sinais e sintomas clínicos são principalmente respiratórios, semelhantes aos de um resfriado comum. Podem também causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias.
Os principais sintomas são:
– Febre
– Tosse;
– Coriza;
– Dificuldade para respirar.
6) O que é o “período de incubação”?
Período de incubação consiste no intervalo entre a data de contato com o vírus até o início dos sintomas. No caso do COVID-19, já se sabe que o vírus pode ficar incubado por até duas semanas (14 dias), quando os sintomas aparecem desde a infecção.
7) Como ocorre a transmissão do coronavírus?
As investigações sobre transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento. Neste momento está estabelecida transmissão por contato com secreções. A transmissão pode ocorrer de forma continuada, ou seja, um infectado pelo vírus pode passá-lo para alguém que ainda não foi infectado.
A transmissão costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
– Gotículas de saliva;
– Espirro;
– Tosse;
– Catarro;
– Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão com pessoa infectada;
– Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Alguns vírus são altamente contagiosos, como o sarampo, que é transmitido por aerossol (partículas no ar), com proporção de transmissão de uma para até 18 pessoas, em média. O conhecimento já registrado sobre os coronavírus indica que eles apresentam transmissão de uma para até três pessoas.
8) O que fazer se tiver sintomas respiratórios e desconfiar que tem coronavírus?
Assim que surgirem os primeiros sintomas, o paciente deve procurar o serviço de saúde mais próximo da sua residência. Em Curitiba, os postos de saúde são o destino recomendado.. O profissional vai avaliar se os sintomas podem indicar alguma probabilidade de infecção por coronavírus, coletar material para diagnóstico e iniciar o tratamento. Os órgão de saúde indicam que não os pacientes não sigam para os hospitais. Em Curitiba, as pessoas que tiverem sintomas podem entrar em contato com o telefone 192 (do Samu) e a partir desta sexta-feira também pelo 156, que passará a prestar informações sobre a doença.
Quem tiver dúvidas referentes ao coronavírus pode entrar em contato com a Ouvidoria dos SUS (0800 644 4414). Os profissionais da área de saúde devem ligar para (41) 99117-3500, número exclusivo para esse público.
9) Como é feito o diagnóstico do coronavírus?
O diagnóstico do coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro). É necessária a coleta de duas amostras na suspeita do coronavírus.
As duas amostras serão encaminhadas com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).
Uma das amostras será enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e outra amostra será enviada para análise de metagenômica.
Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral. O diagnóstico do coronavírus é feito com a coleta de amostra, que está indicada sempre que ocorrer a identificação de caso suspeito.
Orienta-se a coleta de aspirado de nasofaringe (ANF) ou swabs combinado (nasal/oral) ou também amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronca alveolar).
10) Qual é o tratamento?
A infecção apresenta manifestações clínicas parecidas com as de outros vírus e não existe tratamento específico para infecções por coronavírus até o momento. Dessa forma, no caso do novo coronavírus é indicado:
– Repouso;
– Hidratação (ingestão de bastante água e líquidos);
– Medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como: uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos); uso de umidificador no quarto; tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garganta e tosse.
Pacientes com sintomas mais intensos podem ser hospitalizados. A definição compete ao médico responsável pelo caso.
11) Qual a estrutura hospitalar na rede pública de Curitiba para o coronavírus?
A rede de saúde da capital destacou 30 leitos de UTI para o caso de haver necessidade de atendimento de pacientes de corona – a rede tem um total de outros 324 leitos de UTI. Além desses, há 57 leitos de isolamento e 150 leitos de enfermaria que também poderão ser usados para pacientes de coronavírus.
Os cinco casos confirmados em Curitiba são todos leves e, por isso, estão sendo tratados na casa dos pacientes. Na média mundial, cerca de 90% dos casos de corona são considerados leves. O restante divide-se em moderados (que podem necessitar de internamento) e graves (que necessitam).
12) O coronavírus pode matar?
O óbito pode ocorrer em virtude de complicações da infecção, como por exemplo, insuficiências respiratórias. Os dados mais recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam taxa de letalidade de 2 a 3% dos casos confirmados.
13) Quais as principais medidas de prevenção?
– Lavar as mãos com frequência com água e sabonete líquido ou higienizá-las com formulação alcóolica a 70%, principalmente antes de consumir algum alimento.
– Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
– Cobrir nariz e boca (pode ser com o cotovelo ou com lenços descartáveis) quando espirrar ou tossir.
– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, e sempre higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
– Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos, garrafas, canudos, cigarros ou batons.
– Manter ambientes bem ventilados, evitar contato próximo com pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença.
– Evitar contato próximo com animais silvestres e animais doentes em fazendas ou criações.
– Pessoas com sintomas de infecção respiratória aguda devem praticar etiqueta respiratória (cobrir a boca e nariz ao tossir e espirrar, preferencialmente com lenços descartáveis e após higienizar as mãos).
14) Casos suspeitos têm sido mantidos em isolamento domiciliar. O que isso significa?
O isolamento familiar é uma conduta prevista pelo Ministério da Saúde e que pode ser indicada pelo médico, a depender da condição clínica do paciente. Consiste basicamente em manter a restrição de contatos com pessoas e ambientes externos, para evitar a circulação do vírus.
15) No isolamento domiciliar, quais cuidados o paciente deve ter?
Nessa condição, o paciente deve ser mantido em casa, recebendo cuidados como hidratação e repouso. Os familiares devem tomar as precauções já indicadas, como evitar compartilhamento de objetos pessoais, contatos com secreção do paciente e higienização constante das mãos e do ambiente.
16) O que as pessoas que tiveram contato com pacientes suspeitos devem fazer?
Valem as dicas básicas de cuidados de prevenção e prestar atenção em eventuais sinais ou sintomas. Caso aconteça, é fundamental procurar um serviço de saúde.
17) É recomendado o uso de máscaras de proteção?
No momento, não há recomendação para uso de máscaras para a população em geral. Quem estiver saudável, não precisa se preocupar. Mas todos devem, sempre, fazer a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel, e evitar contato com mucosas de nariz, boca e olhos.
São cuidados simples, importantes e que devem ser diários para prevenir qualquer tipo de doença.
18) Que cuidados deve tomar quem usa transporte público, como ônibus, trens e metrô?
Não é necessário usar máscaras, no momento. As recomendações são para cada pessoa seguir e repassar a amigos e familiares as dicas de prevenção, sobretudo a higienização das mãos.
19) Haverá medida de restrição ou bloqueio a pessoas com sintomas vindas de outros países?
Até o momento, o governo federal não definiu medidas nesse sentido. Qualquer decisão envolvendo fluxo internacional depende das autoridades federais.
20) Eventos públicos devem ser cancelados?
Em alinhamento com o Ministério da Saúde, a secretaria estadual, por meio do Centro de Operações em Emergências, informa que até o momento não há orientação para cancelamento de atividades coletivas e eventos públicos. No entanto, as medidas de contenção estão sendo analisadas diariamente pelo ministério e o COE estadual, sempre avaliando evidências de efetividade para cada cenário.
21) Aglomerações devem ser evitadas?
É recomendado evitar aglomerações, especialmente para grupos de maior risco, como idosos e pessoas portadoras de comorbidades, além das demais medidas já divulgadas, como a higienização das mãos, cobrir o nariz ao espirrar e tossir e usar lenços descartáveis. Outra orientação é o isolamento domiciliar em caso de suspeita da doença.
22) As aulas nas escolas e universidade serão suspensas?
No Paraná, as escolas públicas e privadas esperam determinação do Ministério da Educação (MEC) para uma eventual suspensão das aulas. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed), não existe previsão de suspensão das aulas nas escolas do estado. O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná (Sinepe-PR) também aguarda orientações
23) Crianças, adultos ou idosos: quem corre mais risco ao ser infectado por coronavírus?
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, os grupos de maior risco são crianças menores de 2 anos, gestantes, adultos com 60 anos ou mais.
24) Quais as medidas extras para idosos?
Tomar medidas de higiene redobradas, evitar aglomerações e contato, principalmente com jovens e crianças, que são mais fortes para o coronavírus, mas transmitem
25) Mulheres com suspeita de coronavírus podem amamentar?
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, afirma que não há informações suficientes sobre a possibilidade desta transmissão. Nos casos analisados, o vírus não foi detectado no leite materno.