Franklin de Freitas – Gessi Borrher criou a ONG Acolher como resposta u00e0 violu00eancia

Para os moradores do bairro Uberaba, na zona leste de Curitiba, é difícil de esquecer o dia 3 de outubro de 2009. Naquele sábado, por volta das 20h30, um veículo passou pelas ruas das vilas União e Icaraí anunciando um toque de recolher. Duas horas depois, o silêncio seria rompido pelo barulho de tiros, com um saldo de oito mortos e dois feridos.
A chacina, motivada pelo assassinato do sobrinho de um dos traficantes, foi um dos momentos mais tristes do bairro. Mas também marcou o nascimento de uma esperança. É que foi a partir desse trágico episódio que Gessi Borrher, hoje com 44 anos, decidiu criar a ONG Missão Acolher.
“Já tinha visto muitos jovens morrendo e tinha de fazer alguma coisa. Comecei então com o acolhimento de pessoas em situação de rua, drogadição. Abordava eles na rua e trazia para minha casa, onde ficavam hospedados até que surgissem vagas nas unidades terapêuticas. Teve gente que chegou a ficar mais de mês aqui em casa e muitos acabaram virando membros da minha família. Nunca tivemos problema algum”, conta.
A partir desse atendimento aos usuários, Gessi acabou por descobrir que por trás da drogadição era comum a existência de problemas familiares. Foi quando resolveu começar a oferecer oficinas de artesanato para mulheres e crianças e sua casa acabou virando ponto de referência. “Muita gente estava nos procurando”, recorda.
Por conta da demanda, ela e o marido, o eletricista Ronaldo dos Anjos, optaram por alugar há cerca de dois anos um salão na Rua Rozália Tatarin, onde está até hoje a ONG. Se no início acolhia os usuários de drogas, hoje também oferece apoio aos familiares, com oficinas de artesanato, aulas de futebol, grupo terapêutico e acompanhamento de psicólogos, além de realizar um importante trabalho de prevenção com os jovens da comunidade.
Aos poucos, o resultado de tanto trabalho tem aparecido. “Hoje está um pouco mais calmo (o bairro), mas ainda tem muita violência. Mas temos conseguido. A maioria (dos usuários de drogas) conseguimos recuperar, porque viramos uma família dessa pessoa, visitamos na comunidade terapêutica, temos todo um cuidado especial. E é esse o combustível da gente”, comenta a presidente da ONG, que atualmente atende 30 mulheres e 110 crianças.

Luta para manter a instituição viva
Os custos para manter a ONG ativa são altos: R$ 2 mil só pelo aluguel do salão, sem contar os gastos com lanche para as crianças atendidas. Por isso, Gessi tem de se virar ‘nos 30’. Pede a ajuda de amigas pelas redes sociais, realiza bazares mensalmente e também vende por R$ 10 uma boneca que ela e as voluntárias do projeto produzem.
“Para arrecadar faço  bazares todos os meses e vendo bonecas por R$ 10. Sempre mando whats para as amigas e peço para fazerem dopações de roupa. Primeiro doamos essas roupas para quem precisa, por isso é raro termos roupas masculinas. O resto vendemos no bazar”, relata.
O sonho dela, porém, é poder fazer com que a ONG funcionasse como uma cooperativa, para que as famílias participantes do projeto tivessem um complemento de renda. “Mas para isso preciso de máquinas de costura boas, material para artesanato… As máquinas que temos aqui foram doadas, são mais antigas e tem um custo alto de manutenção.”

ONG Missão Acolher
O que é: Uma instituição que oferece apoio e acolhimento àqueles em situação de vulnerabilidade e que lutam contra o vício das drogas. Também atua na prevenção ao uso de entorpecentes e no apoio à família de usuários, com palestras em escolas, atividades para os jovens e oficinas de artesanato para mulheres.
Agenda: todas as terças e quartas, das 14h30 às 16 horas, há oficina de artesanato para mulheres. Ainda na terça, das 18h30 às 19 horas, grupo de apoio, prevenção e recreação para crianças e adolescentes. Já nas quintas, das 14h30 às 16 horas, há grupo de apoio e atendimento clínico para mulheres.  No sábado, escola de futebol.
Voluntários: A ONG procura atualmente voluntários para oferecerem no período da tarde reforço escolar às crianças e adolescentes que estudam de manhã, além de também precisar de alguém para dar aulas de costura às mulheres que participam do projeto.
Doações: Vestuário, calçados e cobertores em bom estado são aceitos, bem como materiais utilizados na produção de artesanato e em costura. Brinquedos também são bem vindos. Para ajudar, basta levar os itens diretamente à sede da instituição ou entrar em contato com a Gessi pelo telefone (41) 99591-1491
Endereço: Rua Rozália Tatarin, 225 
Facebook: https://www.facebook.com/ongmissaoacolher.org/