BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A oposição no Senado vai esperar um posicionamento do STF (Supremo Tribunal Federal), previsto para a próxima terça-feira (25), sobre a atuação de Sergio Moro à frente dos processos da Lava Jato para avaliar o pedido de instalação de uma CPI para investigar o hoje ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.


As conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil fizeram a Segunda Turma do Supremo desengavetar um pedido dos advogados pela anulação do processo do tríplex em Guarujá (SP), que levou o petista à prisão. A solicitação da defesa foi feita sob o argumento de que Moro não foi imparcial na análise do caso.


A proposta de instalação da comissão de inquérito também foi tratada durante o depoimento de Moro no Senado. Cid Gomes (PDT-CE) defendeu que o Congresso instale apuração sobre o ex-juiz.


“Instalemos uma comissão parlamentar de inquérito que, de forma isenta e imparcial, se proponha e, de fato, faça o aprofundamento nas duas grandes questões que são objeto dessa celeuma que já se apelidou aí de Vaza Jato”, disse o senador na sessão.


Cid defendeu também uma investigação sobre o autor dos vazamentos e a segurança das comunicações no país.


Parlamentares de oposição avaliam que, até agora, não há elementos suficientes para bancar um pedido de CPI.


A avaliação é que a audiência de Moro apenas serviu de palanque à tese do ministro.


O grupo reconhece que a bancada que apoia Moro e a Lava Jato tem, hoje, força suficiente para blindar o ex-juiz. O longo depoimento desta quarta, dizem, foi um importante indicativo de que qualquer empreitada contra o ministro pode ser frustrada.


Senadores que estão à frente das articulações disseram à Folha, reservadamente, esperar que os ministros do Supremo deem, ao menos, um duro recado ao ministro. Eles também querem ouvir o que o procurador Deltan Dallagnol dirá ao Senado.


No STF, a Segunda Turma está dividida, e o decano da corte, Celso de Mello, deve ser o voto decisivo no caso.


PERGUNTAS AINDA SEM RESPOSTA


1 – Moro é o autor das mensagens?


Ele questionou algumas vezes a autenticidade delas, mas não as negou, chegando a admitir que pode ter escrito uma parte delas


2 – Ele autorizaria Telegram a liberar os arquivos?


Moro não respondeu diretamente. Disse apenas que elas não existem mais, pois ele deixou de usar o aplicativo em 2017


3 – Moro pediria ao Deltan Dallagnol para entregar seu celular para perícia?


O ministro não respondeu sobre a possibilidade. A PF é subordinada à Justiça, pasta de Moro


4 – Como a PF vai confirmar a autenticidade das mensagens?


Moro não explicou como o órgão poderá mapear se as conversas são reais ou se houve alguma modificação


5 – Que prova ele tem de ter sido vítima de hacker?


Moro diz ser alvo de um grupo criminoso, mas que a investigação da PF é sigilosa. O Intercept diz que a fonte das mensagens é anônima