Franklin de Freitas – “Daniel e seus filhos Vitor e Jou00e3o (no colo): u201cSomos muito juntosu201d”

Desde 2014, quando teve início a crise no mercado de trabalho, o Brasil perdeu 1 milhão de vagas com carteira assinada por ano. A taxa de desocupação no 1º trimestre, segundo o IBGE, atingiu a marca de 13,1%, com 13,7 milhões de pessoas desempregadas. Na contramão dessa tendência, contudo, o trabalho freelancer está em expansão e tem se revelado aos pais profissionais como uma alternativa vantajosa para quem quer ficar mais tempo com a família. De acordo com o estudo “Mercado Freelancer”, divulgado em março último pela Rock Content, a demanda por trabalho freelancer em 2018 deve crescer pelo menos 20%. Já dados da  Workana, plataforma de trabalho freelance com atuação em toda a América Latina, reforçam o bom momento para a atividade, que cresceu 80% em 2017. Além disso, chama a atenção o fato de 40% dos freelancers cadastrados no Brasil terem filhos.
Em Curitiba, um dos profissionais que vislumbrou no trabalho freelancer uma oportunidade para ficar mais tempo próximo da família é o designer Daniel Mustafá Timoteo, de 41 anos. Até dois anos atrás, ele pagava aluguel para manter sua empresa e ainda bancava o salário de cinco funcionários. Depois de descobrir que sua esposa Júlia estava grávida do segundo filho, João (hoje com 1 ano e seis meses), resolveu mudar tudo para ficar mais perto dos pequenos.
“Quando nasceu o meu primeiro filho, que foi parto humanizado, já mexeu comigo. Daí  veio o segundo e foi decisivo. Dispensei os cinco funcionários, entreguei o ponto e fui trabalhar em casa”, conta ele, que há dois anos atua como freelancer, trabalhando cerca de 20 horas por semana.
Depois de ter transformado a casa da família em seu escritório, ele conta que conseguiu diminuir o volume de trabalho e aproveitar melhor o tempo, ficando mais próximo da família. “Vejo meus amigos que trabalham fora e as crianças geralmente são mais apegadas à mãe. Aqui em casa não tem essa, eles são bem apegados comigo, principalmente o mais velho (Vitor, de 4 anos). Somos muito juntos.”

Harmonia entre a vida profissional e a pessoal
Segundo o levantamento da Workana, 10% dos pais freelancers contam com ajuda externa para cuidar dos filhos. Os demais cuidam por conta própria ou com a ajuda de seu cônjuge. Dentro desse parâmetro, de 40% dos pais freelancers, 85% são full-time.
“Isso se alia à busca dos profissionais pela harmonia entre vida profissional e pessoal e tem um efeito muito positivo, já que um pai que participa mais em casa proporciona mais liberdade para que a mãe também siga com sua carreira profissional”, aponta Guillermo Bracciaforte, cofundador da Workana.
Pai de Allan, de seis anos, Alessandro Sales, 33, atua há um ano como freelancer, trabalhando como Full Stack Developer. Ele conta que hoje, fazendo home office em tempo integral, conseguiu uma estrutura para ter mais qualidade de vida e ficar mais tempo com a família. 
“Estou fazendo muitas coisas que não eram possíveis, como tomar café da manhã com minha família, ter intervalos com eles e nos horários que eu realizava trabalhos extras, agora eu tenho tempo para a família”, comenta Allan.