Franklin de Freitas – Homem-aranha: Sem poder atuar desde o ano passado

A pandemia do novo coronavírus e seus reflexos econômicos e sociais não estão poupando nem os super-heróis em Curitiba. E a prova disso é que o Homem-Aranha da Rua XV, vivido pelo artista Jota Eme, está em dificuldade financeira após quase um ano sem poder trabalhar, precisando de ajuda para poder pagar coisas básicas, como o aluguel da casa onde mora na capital paranaense e as contas de água e de luz.

Desde o início da crise sanitária, uma das categorias mais afetadas é justamente a dos artistas. No ano passado muitos desses trabalhadores, que dependem da arte e do público para sobreviver, ainda contaram com alguma ajuda, seja por meio do auxílio emergencial ou através da Lei Aldir Blanc. Neste ano, contudo, a crise sanitária agravou, ao mesmo tempo em que a ajuda minguou. O auxílio emergencial, por exemplo, chegou a pagar R$ 600 por pessoa em 2020. Neste ano, a ajuda demorou a chegar (os pagamentos começaram nesta semana) e os valores são consideravelmente mais baixos, variando entre R$ 150 e R$ 350.

“Mais de um ano sem trabalhar, desde o início da pandemia. A última vez do Homem-Aranha na Rua XV foi em março de 2020. EU jurava que esse negócio [pandemia] iria acabar e teria até Dia das Crianças, mas não teve e está até hoje esse negócio aí”, desabafa Jota Eme, relatando já estar com quatro meses de aluguel atrasado e que a situação só não é mais grave graças à ajuda de amigos e conhecidos.

“Janeiro, fevereiro, março e abril eu estou devendo [o aluguel]. É foda, estou maluco já. Os amigos que estão me ajudando, graças a Deus”, relata o artista, que já tem 36 anos de carreira e enfrenta o momento mais crítico em sua vida como artista. “O que me deixa sem dormir é o aluguel, conta de água, de luz. Isso me deixa louco. Mas a saúde da gente está boa, graças a Deus isso está bom”.

Para se manter em tempos de dificuldade, o artista está trabalhando em uma pastelaria numa feira livre no Cristo Rei, que acontece às sextas-feiras (durante a vigência bandeira vermelha na capital paranaense, porém, ele ficou sem o bico). Além disso, a Regina Celi, sua esposa e que trabalha com figurinos de teatro e cinema, tem feito máscaras de tecido para vender e já conseguiu comercializar mais de 500 unidades (mas precisou parar com o serviço recentemente, após ter um problema na mão).

Ainda assim, a queda na renda foi inevitável. “Eu conseguia ganhar uns R$ 2 mil, R$ 2 mil e pouquinho por mês, fora as festas que fazia, que daí dava mais. Hoje zerou, acabou. Ano passado ainda peguei o auxílio, foi o que ajudou. Agora, essa vergonha. Isso não é auxílio, é dinheiro de pinga. É um absurdo, uma pessoa com ajuda do governo de R$ 150 para se manter. Pelo amor de Deus, é um absurdo.”

‘Vou fazer aniversário no ônibus, que daí posso colocar 50 pessoas’

Antes da pandemia, conta ainda Jota Eme, o ano de 2020 parecia promissor. No horizonte haviam projetos para o teatro e até mesmo o cinema, mas tudo acabou ficando parado com a crise do novo coronavírus. Seu principal questionamento, inclusive, ecoa uma crítica e um questionamento recorrente entre trabalhadores e empresários.

“Por que o teatro não abre, as outras coisas não abrem, e o transporte público funciona normalmente? Porque não pode parar, se tudo para? É um absurdo isso”, desabafa o Homem-Aranha curitibano. “Eu tenho 50 anos de idade. Vou festejar meu aniversário no ônibus, que daí posso colocar 50 pessoas. Na casa da gente não pode. Queria ver secretário de saúde, presidente e governador andando de ônibus. Enquanto isso, o povo está se matando dentro do ônibus, pessoas ficando doentes dentro do transporte público brasileiro, e não é só Curitiba, é no Brasil inteiro”, critica.

Saiba como ajudar

A união faz a força

Para ajudar o Jota Eme, na última semana o produtor cultural Pedro Hey Branco e o músico Fabio Elias promoveram um evento nas redes sociais. O Acusticonline Especial Beneficente aconteceu na última sexta-feira (2 de abril) às 20 horas, mas quem quiser ainda pode ajudar com o depósito de qualquer valor.

É possível fazer sua contribuição pelo PIX ([email protected]) ou pelo PicPay (@fabio.elias75). Além disso, o Jota Eme também deixa sua própria conta no Banco do Brasil para quem quiser fazer algum depósito. O nome completo do artista é João Mário Alves Santana, CPF 840.948.939-20. A agência dele no Banco do Brasil é a 3511-4 e a conta corrente, 33969-5.