Tita Blister – Os sumidos nossos de cada dia

Ao deixar de lado uma visão meramente pessoal sobre o “oi sumida (o)”, expressão cunhada das relações virtuais em mensagens privadas, como uma forma de aproximação íntima e às vezes inconveniente, de modo informal perguntei para algumas pessoas qual é sua leitura sobre essa abordagem.

Vamos entender como acontece esse start: se é uma comunicação nas redes sociais, presume-se que a informação visual geralmente seja a forma motivadora para registrar a presença em um comentário, lançar uma associação de música, filme, situação, local, para dar início a um papo, carência, ou simplesmente lista de contatos.

Então pré-julgar todo “oi sumida (o)”, como apenas uma cantada barata, sem originalidade, motivo de piada de nove entre 10 pessoas é algo raso. Para alguns, pode ter a conotação de um código entre as partes (faltou criatividade aqui, mas o importante é a intenção); para outros, apenas um exibicionismo para saber se de alguma forma causa algo em alguém; há quem diga que é maneira menos elegante de se comunicar com outra pessoa e entre os relatos da pesquisa informal, inconveniência pura.

Sumida (o) mesmo? – Na discussão privada sobre o tema, certo grupo se incomoda com o gatilho disparado pelo autor do termo. “Eu não sumi, só fui para outra direção”. Ou ainda, “nunca sumi, sempre estive no mesmo lugar de contato”. E a partir disso, há a possibilidade do sumiço ser de quem pergunta.

Se a expressão não se sustenta com uma conversa agradável, estará fadada a ser algo pejorativo, porque sem criatividade já é. As redes promovem a ilusão de que a luz verde do status online seja prerrogativa de disponibilidade. Minha dica: seja educado e não invasivo!

Há quem perceba “oi sumidos” nas entrelinhas de diálogos públicos nas redes sociais, fazendo uma associação do seu ex-sumido (a) com o autor (a) do post. E isso é modelo comum da nossa forma de estabelecer as relações interpessoais, numa opção tabelada e despretensiosa.

O “oi sumida (o)” é alvo constante de críticas e deboches, mas em tempos de pandemia e pouca aproximação pessoal, quem não é o sumido ou sumida na ordem do dia?

*Ronise Vilela é criativa de conteúdos de Comunicação Afetiva e Terapeuta.

Ronise Vilela | [email protected] 

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