JULIANA GRAGNANI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com seu hijab vermelho cobrindo os cabelos, Rasha Al Kardajy, 28, observava na tarde deste domingo (18) a multidão vibrante da 21º Parada do Orgulho LGBT. “Não sabia que eram tantos!”, afirma, sorrindo. “A festa é tão legal. E é legal também estar aqui, junto, apoiar a diversidade”, diz, “embora a religião não aceite”. A professora de inglês síria vive no Brasil há três anos e é sua primeira vez na parada. Foi à avenida Paulista para matar a curiosidade, mas não quis ser fotografada pela reportagem. O que seus olhos viram: milhares de pessoas vestindo a bandeira com as cores do arco-íris, purpurina e pinturas espalhados em seus rostos, gays, lésbicas, bissexuais e transexuais celebrando a diversidade -unidos neste ano em defesa ao Estado laico. E com Daniela Mercury comandando um dos trios na avenida. Também há, como em outros anos, muitas crianças. “Trouxe meus filhos para ensiná-los a tolerância e para mostrar que eles também são e serão aceitos como forem”, diz Vanessa Ongaro, 33, ao lado dos filhos de sete e três anos. Caminhando sozinho, Guilherme, 20, conta que não é aceito pela família. “É minha primeira parada. Estou aqui sem ninguém da minha família saber, infelizmente. Estou me sentindo estranho e ao mesmo tempo livre”, conta, tímido. Ele usa uma tiara com chifre de unicórnio -modinha do Carnaval que voltou com tudo na parada. Ambulantes vendem o apetrecho por R$ 10. Renato Santos, 27, diz já ter vendido 200 peças. Uma delas está sobre a cabeça do estudante Paulo Peruquetti, 22. “Gosto bastante porque é bem ‘bicha’ e eu gosto de ser bem ‘bicha'”, ri. “Travesti não é bagunça”, diz, evocando bordão de uma travesti que virou meme há alguns anos. “Temos que mostrar ao Estado e à população que os LGBTs não estão aqui para serem espancados.” Perto dali, um grupo de amigos góticos dançava Lady Gaga. Para um deles, o psicólogo Fernando Pinheiro, 25, na parada “todo mundo pode se mostrar como é”.