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O Paraná e Curitiba foram escolhidos para sediar a reunião inaugural do Brics em 2019 porque são sinônimos de inovação, termo escolhido pelo Brasil para seu período na presidência do grupo, segundo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. No discurso de boas-vindas aos embaixadores de África do Sul, China, Índia e Rússia, o chanceler afirmou que “curitibanos e paranaenses trabalham sempre pensando no futuro”.

O vice-governador Darci Piana representou o governador Carlos Massa Ratinho Júnior na abertura do evento, realizada na Expo Barigui. O encontro reuniu embaixadores dos cinco países, cônsules, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, e lideranças de diversos setores da economia. A reunião do Brics segue até sexta-feira (15).

“Estamos certos de que os produtos do Brasil podem estar mais presentes no mundo. Essa diversidade de culturas e pluralidade de origens do Estado do Paraná são motivos de orgulho para todo o Brasil”, afirmou Araújo. “Há muitas décadas Curitiba tem oferecido ao Brasil e ao mundo soluções criativas no desenvolvimento urbano, sistema de transporte público e coleta de lixo”.

O ministro ressaltou que essa é a sua segunda passagem pelo Paraná em 70 dias no comando do Itamaraty. A primeira aconteceu em fevereiro, na posse do novo diretor brasileiro de Itaipu, em Foz do Iguaçu. “Acho que simboliza essa indicação especial. O lançamento da presidência brasileira do Brics nessa cidade é uma forma sobretudo de agradecer e simbolizar a abertura e determinação de cooperar de maneira produtiva com nossos parceiros”, acrescentou Araújo.

PRIORIDADE – Cada presidência do Brics elege uma prioridade para as discussões multilaterais e neste ano a área escolhida foi a de inovação. “Achamos que é uma área de convergência, onde todos temos políticas que podem ser interessantes para os outros. Também a parte de tecnologia e economia digital, que é uma das grandes fronteiras da inovação, sempre nesse espírito de cooperação”, ressaltou o chanceler.

Para o Secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Brasil e principal representante do país no Brics, Norberto Moretti, o grupo reúne cinco economias de grande magnitude com potencial de arranjos econômicos duradouros. “A história do Paraná é construída sobre uma base multiétnica de convivência e integração. É disso que se trata o Brics”, afirmou.

PRESTÍGIO E PARCERIAS – O vice-governador Darci Piana destacou que os países do Brics absorvem 34,5% das exportações totais do Estado. O Paraná mantém relações superavitárias com as nações representadas e garantiu em 2018 saldo positivo de US$ 4,025 bilhões na balança comercial (diferença entre exportações e importações).

“Nossa preocupação é ampliar essa capacidade principalmente de produtos industrializados, ou seja, transformar os nossos produtos para agregar valor. Evidente que isso pode retardar um pouco, mas vamos chegar a esse ponto na questão das carnes e da soja e milho”, garantiu Piana.

“Temos um relacionamento extraordinário com todos os países do Brics, especialmente a China, cujas exportações já ultrapassaram a casa de US$ 6 bilhões. O Paraná será o Estado mais moderno do país, para isso precisamos de investimentos”.

O vice-governador também enfatizou a deferência do governo federal com o Estado. “Nosso governador foi a Brasília na terça-feira (12) para tratar com o presidente Jair Bolsonaro sobre a segunda ponte em Foz do Iguaçu. Temos um governo federal muito próximo ao Paraná para atrair mais investimentos”, completou.

ECONOMIA MUNDIAL – O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, destacou que o Paraná abriga nesta semana grande parte da economia mundial. “Os países têm grande interesse nas commodities que o Paraná produz, na indústria e no nosso modelo de planejamento urbano e transporte”, afirmou. Ele lembrou que a capital do Estado recebeu a primeira universidade do país no início do século 20, símbolo de recepção aos povos, e que os países representandos no Brics são “animados pelo mesmo espírito de humanismo e cooperação”.

BRICS – O encontro em Curitiba serve de preparação para a 11ª Cúpula dos países, que será realizada em novembro em Brasília com a presença dos cinco presidentes. Os quatro membros fundadores e a África do Sul estão em estágio similar de mercado em nível global e representam 1/2 da população e 1/4 da economia do mundo. Apesar de o grupo ainda não ser um bloco econômico ou uma associação comercial formal, como a União Europeia, os países têm procurado formar políticas em conjunto.

“O Brics mostra que as grandes nações não precisam se reduzir a princípios abstratos para poder cooperar. Podemos cooperar a partir das nossas identidades, não apesar delas. É o grande desafio ao qual nos propomos”, afirmou Ernesto Araújo. “O presidente Jair Bolsonaro disse em seu discurso no Fórum Econômico de Davos que o Brasil quer abrir a economia. Essa perspectiva é a que une todos os países do Brics. Nossas parcerias não são excludentes”.

Rússia, Índia, China e África do Sul foram destino, em 2018, de 30,7% das exportações brasileiras. O valor dos bens comprados por esses países atingiu US$ 73,8 bilhões (contra US$ 56,4 bi em 2017). Em relação ao Paraná, o Brics absorve 34,5% das exportações totais (US$ 20,04 bilhões), com negócios que somam quase US$ 7 bilhões. O montante registrado em 2018 é 121% maior do que em 2010 (US$ 3,127 bilhões).

PARTICIPAÇÕES – Estiveram presentes na cerimônia no Memorial de Curitiba os embaixadores Joseph Ntshikiwane Mashimbye (África do Sul), Yang Wanming (China), Ashok Das (Índia) e Sergey Pogóssovitch Akopov (Rússia); o Coordenador-Geral de Mecanismos Inter-Regionais do Itamaraty, Leonardo Fernandes Cardote; o cônsul honorário da Rússia em Curitiba, Acef Said; o secretário de Relações Econômicas do Ministério das Relações Exteriores da Índia, T. S. Tirumurti; o ministro-assistente de Relações Exteriores da China, Zhang Jun; o embaixador sul-africano no Brics, Anil Sooklal; o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley; o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel; o presidente da Câmara dos Vereadores de Curitiba, Sabino Picolo; o presidente do corpo consular do Paraná, Thomas Amaral Neves; o diretor-presidente da Agência Paraná de Desenvolvimento, Eduardo Bekin; além de outras autoridades.