Franklin de Freitas – Protesto contra o racismo na praça Santos Andrade

Morto na última semana pela polícia de Minneapolis, uma das cidades mais desiguais racialmente em todo os Estados Unidos, o afro-americano George Floyd, de 46 anos, virou símbolo da luta contra o racismo em todo o mundo, com uma série de manifestações ocorrendo não apenas em território estadunidense, mas até mesmo no Brasil e em Curitiba. Nesta segunda-feira (1), um protesto que começou pacífico na Praça Santos Andrade, chamava a atenção para o racismo por aqui.

Mesmo sendo um dos estados brasileiros com menor porcentual da população que se declara preta ou parda (35,6%, conforme dados de 2019 do IBGE, atrás apenas de Santa Catarina, com 19,2%, e do Rio Grande do Sul, com 20,6%), o Paraná é um dos estados que apresenta o maior número de casos de injúria racial, além de nos últimos anos ter visto avançar os homicídios (mortes por agressão) contra a população negra.

Dados do Anuário divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), por exemplo, mostram que o estado registrou, entre os anos de 2017 e 2018, um total de 2.528 casos de injúria racial, o que dá a média de 3,46 casos por dia (quase sete casos a cada dois dias, portanto). Entre os 18 estados com dados disponíveis no estudo, apenas o Rio Grande do Sul teve mais registros, com 2.911. Chama a atenção, ainda, o fato de os três estados da região Sul do país aparecerem entre as UFs com mais ocorrências desse tipo.

Para além disso, nos últimos anos o estado tem visto avançar o número de homicídios de pessoas negras. Em 2014, por exemplo, haviam sido registrados 600 óbitos de pessoas pretas ou pardas por agressão no estado, conforme dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Cinco anos depois, em 2018, já foram 632 registros, um crescimento de 5,33%.

Ao mesmo tempo em que mais negros estão morrendo, o total de mortes por agressão no estado registrou expressiva queda de 22%, passando de 2.957 para 2.308. Considerando-se apenas brancos e amarelos, temos uma redução de 28,9%, com o número óbitos passando de 2.357 em 2014 para 1.676 em 2018.

Apesar disso, a taxa paranaense de assassinatos entre os pretos e pardos fica em 16,7 para cada 100 mil habitantes, enquanto entre os “não negros” essa taxa é de 22,2. A diferença, contudo, já foi bem maior – em 2014, por exemplo, ficava em 30,5 ante 18,6.

Protesto

O protesto na Santos Andrade chamado pelas redes sociais reuniu centenas de pessoas de vários movimentos negros e sociais. Ele começou por volta das 18 horas e encerrou uma hora depois. Foi quando uma parte dos manifestantes saiu pelas ruas e começou o quebra-quebra.