PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – O Parlamento britânico aprovou, nesta quinta-feira (14), a proposta do governo Theresa May de pedir à União Europeia um adiamento da data de saída do Reino Unido, prevista por ora para 29 de março.

Por 413 votos a 202 (maioria de 211), o Legislativo consentiu com o plano da primeira-ministra de solicitar à UE que o Dia D do brexit seja postergado para 30 de junho.

Mas isso depende de os parlamentares endossarem alguma versão do acordo de separação até a próxima quarta (20), véspera de uma cúpula em que líderes europeus deverão deliberar sobre o pedido de Londres. A decisão da UE precisa ser unânime “”afora o Reino Unido, 27 países integram o consórcio.

Nos últimos dias, vários líderes do europeus sinalizaram que May precisaria apresentar uma justificativa razoável para embasar a solicitação de prolongamento da filiação britânica ao bloco, ou seja, que o sinal verde da Europa ao adiamento não seria mera formalidade.

A moção adotada pelo Parlamento na quinta também prevê que, caso um pacto de saída não tenha sido ratificado até o dia 20, May peça uma prorrogação mais robusta à UE, o que forçaria o Reino Unido a organizar sua seção das eleições para o Parlamento Europeu, programadas para o fim de maio .

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, sugeriu que o adiamento do brexit deveria ser de ao menos um ano, para que os dois lados tenham tempo de organizar um novo acordo de saída.

Mais cedo, os parlamentares rejeitaram uma proposta de realizar uma nova consulta popular sobre o brexit.

Entusiasta da ideia, uma ala do Partido Trabalhista, principal força de oposição, avaliou que o momento não era propício para discutir um plebiscito 2.0, o que esvaziou o plano.

Além disso, em duas vitórias de May, a Casa rejeitou manobras que permitiriam uma sequência de votos indicativos sobre os rumos do brexit, uma vez que o acordo que a primeira-ministra tem em mãos é rechaçado pela maioria.

Se as propostas tivessem avançado, o governo perderia a prerrogativa de fixar a pauta do Parlamento, que na prática tomaria a condução do adeus à Europa.

O principal negociador do brexit pelo lado da UE, Michel Barnier, afirmou que está esperando pacientemente pelas votações no Parlamento.

“O que precisamos para seguir adiante não é um voto negativo contra uma saída sem acordo. Precisamos de um voto positivo e construtivo”, afirmou na Romênia.

“Se o Reino Unido quiser deixar a UE e quer fazê-lo de modo ordenado, como disse a primeira-ministra, então este acordo é o único disponível”, disse, mostrando uma cópia do texto acordado entre May e a UE.