BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – As escolhas de Mauricio Macri, que trouxe o peronista Miguel Pichetto para ser seu vice na corrida presidencial, e de Cristina Kirchner, que optou por se candidatar a vice na chapa do moderado Alberto Fernández, deram frutos nas últimas semanas, de acordo com a última pesquisa de intenção de voto.


Após o encerramento das inscrições das chapas, à 0h do último domingo (23), o instituto de pesquisa Isonomia, um dos mais confiáveis do país, divulgou projeções para o primeiro turno das eleições argentinas, a serem realizadas em 27 de outubro.


Segundo o levantamento, a chapa popularmente conhecida como “FF” -porque tanto Alberto quanto Cristina têm “Fernández” nos sobrenomes- lidera com 45% das intenções de voto.


Isso mostra que a estratégia de colocar Alberto Fernández como candidato à Presidência permitiu que essa chapa peronista se expandisse para além do núcleo duro do kirchnerismo, atraindo peronistas descontentes com Macri, mas que se assustavam com a possibilidade de um retorno do populismo de Cristina.


Em segundo lugar, e muito perto, em empate técnico, surge a chapa do atual presidente, Mauricio Macri, com 43%.


A composição governista cresceu quase dez pontos nas últimas semanas. Pesquisadores atribuem o aumento à chegada de Pichetto e seu grupo de apoiadores peronistas, além do medo do mercado frente a um retorno do kirchnerismo.


Tanto que a cotação do dólar não voltou a aumentar nas últimas semanas, embora os números da macroeconomia argentina permaneçam ruins.


Porém, se os índices de intenções de voto se repetirem em 27 de outubro, não haverá segundo turno na Argentina.


De acordo com o sistema eleitoral do país, vence o pleito já no primeiro turno quem tiver 45% dos votos. Ou apenas 40%, desde que a diferença para o segundo colocado seja de pelo menos dez pontos.


Com o aumento da intenção de voto das duas chapas mais bem posicionadas, estreitou-se a chamada “terceira via”, representada pela candidatura do também peronista Roberto Lavagna junto ao governador de Salta, Juan Manuel Urtubey, que luta para atingir os dois dígitos.


Além destas, há candidaturas menores, do economista de direita José Luis Espert e dos socialistas da Frente de Izquierda, com Nicolás Del Caño.


O que também ficou definido no fim de semana é que a eleição primária e obrigatória, marcada para 11 de agosto, não servirá para que as coalizões decidam internamente quem será seu candidato, uma vez que cada coalizão concorrerá com apenas uma chapa.


Assim, a ideia original das primárias mais uma vez não fará sentido, o que já havia ocorrido em 2015. Apesar de muitos defenderem o fim da eleição primária, nenhum governante até hoje propôs uma lei para acabar com o processo.


Na prática, a primária servirá como prévia do primeiro turno -uma avaliação do desempenho dos candidatos. A exceção está nos nomes que não atingirem mais que 1,5% dos votos e que assim serão eliminados, o que pode tirar Espert da corrida eleitoral.


Eleitores indecisos somam 15%, e a campanha eleitoral que começa nesta segunda-feira (24) vai se concentrar nessa parte do eleitorado.