Um dos meus maiores rivais na natação tornou-se um dos meus melhores amigos. Nossa amizade começou na década de 80, quando nos enfrentamos pela primeira vez numa prova de 100 costas. Como eu estava muito bem treinado e ele não, naquele dia eu venci fácil, mas depois disto nunca mais consegui vencê-lo. Então, diante de um rival invencível, acabamos nos tornando grandes amigos, amizade que já dura quase 30 anos.
A época de glória das piscinas passou tanto para ele como para mim. Fizemos o mesmo curso superior, mas em faculdades diferentes. Encontrávamos-nos em todos os campeonatos de natação e ainda passávamos as férias juntos, quando surfávamos e aproveitávamos tudo que a vida oferece de bom nesta fase dos vinte e poucos anos.
O tempo passou, paramos de competir, o surf diminuiu, o meu amigo, assim como eu, se formou em engenharia mecânica. Voltei para Curitiba e ele para São Paulo. Já em Sampa, ele fez faculdade de Administração na Fundação Getulio Vargas, começou a trabalhar na indústria automobilística, e hoje trabalha na área de projetos de uma das maiores montadoras de carro do mundo. Recentemente foi transferido para outra unidade desta montadora, situada em outro estado.
O meu amigo, por conta do seu trabalho, já morou nos Estados Unidos e praticamente morou na Argentina, pois durante certo tempo trabalhou naquele país e retornava ao Brasil só nos finais de semana. Então, além das duas faculdades e de falar fluentemente o inglês, ainda se vira muito bem no espanhol. Aquele grande nadador é hoje um competente e dedicado engenheiro.
Conversamos muito por telefone e pude observar que nos últimos anos a sua carga horária de trabalho tem aumentado bastante. Chega à fábrica antes das 8 da manhã e não raramente fica até ás 9 da noite. Realidade enfrentada por muitos trabalhadores. Não trabalhamos mais oito horas por dia. Quando saímos do escritório, o trabalho muitas vezes nos acompanha. Em casa sentamos na frente do computador para adiantar ou por em dia o trabalho.
Na última conversa que tivemos, o meu amigo contou que seu atual chefe geralmente marca reuniões as sextas-feiras após o expediente, justamente nos dias em que o expediente encerra um pouco mais cedo. Como se já não bastassem os dias normais, que já fica até mais tarde, agora nas sextas tem a bendita reuniãozinha.
É claro que devemos nos empenhar no trabalho, afinal no mercado competitivo de hoje, não podemos vacilar, mas também não devemos esquecer que a vida continua e que cada dia que passa não tem volta. Não podemos esquecer que temos família, filhos e projetos pessoais. Como não podemos separar a vida profissional da pessoal, precisamos achar um equilíbrio entre as duas, caso contrário não seremos felizes em nenhuma delas!!!
Um grande abraço e boa semana.

Desmar Milléo Junior, Autor do Livro: APENAS BOAS INTENÇÕES NÃO BASTAM, Palestrante nas áreas motivacional, comportamental e vendas. Site: www.milleo.com.br