Franklin de Freitas – Pet shops de Curitiba viveram fases distintas desde o início da pandemia

O início do período de isolamento social em Curitiba foi marcado por cenas inusitadas. Temerosos com relação à possibilidade de desabastecimento, muita gente correu aos mercados para comprar o máximo possível e garantir estoque. Prateleiras ficaram vazias (inclusive e talvez principalmente as de papel higiênico, curiosamente) e as imagens viralizaram nas redes sociais e viraram notícia. O que poucos sabem, no entanto, é que algo bastante parecido aconteceu também com os pet shops da cidade.

Funcionário da Sinal Verde Pet Shop, localizada no bairro Pilarzinho, Lucas Ernesto Zampieri dos Santos diz que nas duas primeiras semanas de isolamento social, ainda no final de março, o estabelecimento vendeu muito e chegou a sofrer com a falta de estoque para atender tamanha e inesperada demanda.

A mesma coisa dos supermercados, que ficaram com prateleiras vazias, aconteceu aqui também, principalmente na parte de ração. Acessórios e brinquedos não foi muito, mas ração tinha gente que vinha e pegava cinco, seis pacotes”, recorda Santos. “ Outra coisa que sentimos aumento foi em relação ao banho e tosa. Pessoal mais tempo em casa, mais tempo com o cachorro, aí optou em dar um banho a mais. Quem vinha mensalmente, por exemplo, agora vem a cada duas semanas”, comenta ainda ele.

Diretora comercial da Casa do Produtor, Vanessa Melo explica que quem mais sofreu com a alta demanda foram os pequenos pet shops, que segundo ela passaram por momentos delicados por não contaram com estoque para lidar com uma procura tão grande e ainda sofreram com alguns fornecedores suspendendo a prestação de serviços, o que impossibilitava compras de urgência.

“O medo dos clientes era que não tivéssemos capacidade de suportar esse período de pandemia fornecendo o alimento. É o mesmo caso do arroz e do feijão. Hoje já não tenho mais esse comportamento, que beirou a histeria, mas continuo com grande fluxo. E não estamos vendo aqui de um mesmo cliente comprar cinco pacotes de ração. Tenho fluência”, acrescenta Melo.

Aos poucos, movimento vai normalizando

Depois do furor entre o final de março e começo de abril, aos poucos o movimento no mercado pet vai se normalizando, ao menos em termos de demanda e faturamento. Isso porque as empresas, decorrente da necessidade de distanciamento social, estão tendo de realizar adaptações, sendo a principal delas o foco no sistema de entregas, em substituição ao atendimento presencial de clientes.

No Sinal Verde Pet Shop, por exemplo, são atendidos clientes no raio de até quatro quilômetros, abrangendo bairros como Pilarzinho, Santa Felicidade, Mercês, Boa Vista e Abranches. “Nesse período que diminuiu o presencial, aumentou significativamente o número de entregas, e principalmente para clientes novos. Nesse aspecto foi muito bom”< comenta Lucas dos Santos.

Já na Casa do Produtor, foi montado um drive-thru para atendimento dos clientes, que podem fazer o pedido por WhatsApp ou pelo site e retirar o pedido e até realizar o pagamento na loja. A empresa também possui e-commerce, realiza entregas e segue com atendimento presencial, seguindo-se as recomendações sanitárias vigentes.

“Em março, dobrei as vendas no online. No mesmo mês tivemos um aumento de faturamento bem expressivo, nosso cliente comprou em maior quantidade, mas também tivemos aumento de 8% no número de clientes, provavelmente em virtude do fechamento dos pet shops menores”, afirma Vanessa Melo, revelando ainda que a expectativa é que o setor, que já havia crescido 4,6% no Brasil em 2019, siga em crescimento. “Não creio que o mercado em si vai recuar, mas talvez não cresçamos na mesma velocidade que vinhamos. Mas tenho certeza que isso é passageiro.