NICOLA PAMPLONA RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras informou nesta quarta (3) que chegou a um acordo para encerrar ação coletiva movida por investidores americanos por perdas provocadas após descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. A empresa pagará aos investidores US$ 2,95 bilhões em três parcelas, que começarão a ser desembolsadas após a aprovação preliminar do juiz da Corte Federal de Nova York, onde corre a ação coletiva. O processo contra a estatal foi iniciado em dezembro de 2014 por acionistas descontentes com a perda de valor das ações após a descoberta do esquema de corrupção. Desde então, a Petrobras fechou uma série de acordos individuais com investidores institucionais. Em comunicado divulgado nesta quarta, a Petrobras diz que o acordo coletivo “atende aos melhores interesses da companhia, tendo em vista o risco de um julgamento influenciado por um juri popular (e) as peculiaridades da legislação processual e do mercado de capitais norte-americano.”. Alega ainda que apenas 0,3% dos casos de ações coletivas nos Estados Unidos chegam à fase de julgamento -o restante é encerrada antes por acordos. O pagamento dos US$ 2,95 bilhões (o equivalente a quase R$ 10 bilhões) terá impacto no resultado da companhia no quarto trimestre de 2017, diz o comunicado. O valor equivale ao dobro do lucro acumulado pela empresa nos três primeiros trimestres do ano passado. Representa também 65% de tudo o que a empresa arrecadou até o momento na segunda fase de seu plano de venda de ativos, que tem como meta levantar US$ 21 bilhões até o fim do ano. CULPA A estatal diz que o acordo “não constitui reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares pela Petrobras”, reforçando sua estratégia de defesa, de colocar-se como vítima do esquema de corrupção comandado por ex-executivos e partidos políticos. “Na condição de vítima, a Petrobras já recuperou R$ 1,475 bilhão no Brasil e continuará buscando todas as medidas legais contra as empresas e indivíduos responsáveis”. Investidores brasileiros, incluindo grandes fundos de pensão estatais, abriram processo semelhante no Brasil, na câmara de arbitragem da bolsa de São Paulo, para tentar recuperar perdas com o investimento em ações da empresa. O processo corre sob sigilo, mas fontes próximas falavam em cerca de 300 adesões até o fim de 2017.