SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal divulgou neste domingo (16) 20 retratos de disfarces possivelmente adotados pelo terrorista Cesare Battisti.

Na sexta-feira (14), o presidente Michel Temer (MDB) assinou um decreto para extraditar o italiano de 63 anos, condenado em seu país natal pelo assassinato de quatro pessoas, durante ações do movimento PAC (Proletários Armados pelo Comunismo).

Battisti, que vivia em liberdade no Brasil desde 2010, tem um mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal e é agora considerado foragido –advogados e amigos disseram desconhecer o paradeiro dele, que tem como domicílio uma casa construída por ele em Cananeia (litoral sul de São Paulo).

A PF confeccionou várias montagens com o que acha que pode ser o visual adotado por Battisti, que incluem ele de chapéu, boné, óculos escuros, bigode, cabelo tosado e cavanhaque.

A instituição orientou que “qualquer informação sobre o foragido” seja fornecida pelo telefone (61) 2024-9180 ou pelo e-mail [email protected], garantindo que o anonimato de quem o fizer “é totalmente resguardado”.

Segundo a assessoria da PF, as equipes estão designadas e trabalhando para capturá-lo. Não é certo que ele seja levado a Brasília caso seja encontrado e preso –uma hipótese é que Battisti seja extraditado diretamente para a Itália, caso não haja uma nova decisão do Supremo.

A”‚PF afirma não ter informações sobre a possibilidade de o italiano ter deixado o Brasil. Ele não tinha quaisquer restrições de deslocamento até o decreto de Temer.

A decisão do presidente autorizou o Ministério da Justiça a iniciar o processo de entrega do terrorista às autoridades italianas. No mesmo dia em que ela foi tomada, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse em seu perfil no Twitter que a Itália pode contar com ele para a extradição –que foi vetada por Lula em 2010.

Bolsonaro se manifestou em duas postagens, uma em italiano, a outra em português. Disse:”‚”Obrigado pela consideração de sempre, senhor ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!”.

Ele respondia a uma declaração em que o ministro Matteo Salvini reclamava que Battisti “goza da vida nas praias do Brasil, na cara das vítima”, o que o “deixa com raiva!”.

“Faço grande mérito ao presidente Jair Bolsonaro, que ajudará a Itália a fazer justiça, ‘dando’ a Battisti um futuro em sua terra natal”, escreveu.

A troca de mensagens se sucedeu à decisão do ministro do STF Luiz Fux de quinta-feira (13), determinando a prisão do terrorista. Os advogados de Cesare Battisti, Igor Tamasauskas e Otávio Mazieiro, recorreram ao Supremo para tentar derrubá-la.

Seus defensores disseram ainda ser impossível rever o ato de Lula e que Battisti é pai de um menino brasileiro de cinco anos, que depende dele economicamente.

A advogada-geral da União, Grace Mendonça, prepara defesa contra provável questionamento no Supremo do decreto assinado por Temer.

Em 2011, na primeira entrevista que deu após Lula negar sua extradição, ao jornal Brasil de Fato, Battisti se disse perseguido pela Justiça brasileira e afirmou que a pressão para entregá-lo tinha como meta “afetar o governo Dilma”.

“Virei moeda de troca para muitas coisas. […] Agora, o objetivo principal da direita brasileira, nesse caso, é afetar o governo Dilma”, disse à época.

Vizinhos contaram à reportagem que a última vez que viram o italiano foi em novembro.

A reportagem esteve no local na sexta. Da janela principal da casa nova, sem cortinas, estavam à mostra 14 livros empilhados na sala e um veículo Chevrolet Prisma, prateado, estacionado na garagem.