Divulgação/Unifil

Uma filhote de onça-parda foi submetida a uma cirurgia com células-tronco no Centro de Atendimento à Fauna Silvestre (Cafs), no Hospital Universitário Veterinário da Unifil. A Instituição se tornou oficialmente um centro parceiro do Instituto Água e Terra (IAT) em julho deste ano.

O animal foi encontrado às margens da Rodovia PR-151, próximo ao município de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro, e encaminhada ao Centro pelo Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde (BPAmb) para atendimento médico-veterinário. A suspeita é que a onça tenha sido atropelada.

O Paraná conta com quatro Cafs no Estado, inaugurados neste ano pelo Governo do Estado (Curitiba, Guarapuava, Londrina e Cascavel). Outros dois Cafs estão prontos para serem inaugurados: um em Maringá, na sede da Unicesumar, e outro em Mauá da Serra, no Instituto Monte Sinai.

Estão em processo de instalação o Cafs de Cornélio Procópio, em parceria com a prefeitura e o Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem; o Cafs de Toledo, em parceria com a Universidade Federal do Paraná; e em Foz do Iguaçu, juntamente com o Instituto Aves da Mata Atlântica.

Os Centros fazem a recepção, triagem, atendimento médico veterinário básico e encaminhamento para que o IAT dê a destinação final aos animais, preferencialmente visando o seu retorno na natureza.

Após quatro meses de tratamento, que incluiu o procedimento com células-tronco, o IAT definiu o Zoológico de Curitiba como destino final da onça-parda. O animal chegou ao seu novo lar na manhã desta quinta-feira (14).

“A onça passou um tratamento inovador com células-tronco, apresenta uma grande melhora, mas ainda apresenta sintomas físicos como sequelas e por isso a soltura dela na natureza não é indicada”, afirma a chefe do Setor de Fauna do IAT, bióloga Paula Vidolin.

No Zoológico da Capital, ela receberá todo o acompanhamento que precisa para que esse quadro melhore. “A filhote ficará de quarentena em um recinto para se adaptar à alimentação e mostrar seu comportamento. Vamos fazer também alguns exames para que ela possa ir ao espaço de visitação pública quando estiver apta”, disse a chefe do Zoológico de Curitiba, Ana Silvia Passerino.

Segundo o gestor ambiental do IAT de Londrina, Rafael Bachega Piornedo, o deslocamento de cerca de 400 km de Londrina a Curitiba também exigiu cuidados. “Ela foi colocada em uma caixa de madeira com palha para que não se machucasse e pudesse fazer uma viagem mais tranquila e confortável possível”.

TRATAMENTO – O animal chegou ao Cafs aparentemente com quatro meses de vida e em estado grave, com sinais neurológicos afetados. “Após o tratamento, apresentou melhoras, mas ainda mostra uma incoordenação motora, tremores de cabeça e pequenos sinais de origem neurológica”, afirma a veterinária coordenadora do Hospital Veterinário da Unifil, Mariana Cosenza.

De acordo com ela, uma tomografia indicou a necessidade de tratamento com células-tronco, vindas de um laboratório de São Paulo, cultivadas no Centro de Tecnologia Celular Animal (Medmep). Hoje, o animal se alimenta e anda sozinho, mas não possui condições de retorno à natureza, por não conseguir caçar sozinho.

“Devido à suspeita de atropelamento, o primeiro diagnóstico foi de traumatismo craniano, mas as sequelas apresentadas também podem ter sido ocasionadas por doenças infecciosas. Diante disso, o animal foi submetido a diversos exames, que apontaram resultados negativos”, explicou a médica veterinária do Cafs Unifil.

O tratamento com células-tronco teve o objetivo de melhorar os sinais clínicos que ela ainda apresentava, como incoordenação e tremor de cabeça. Foram aplicadas 10 milhões de células-tronco (0,4ml) por injeção peridural, com o animal sob anestesia geral e monitoramento anestésico. O procedimento foi rápido, em torno de meia hora e o resultado foi positivo, com melhoras em sinais clínicos.

ACIDENTES EM ESTRADAS – Na mesma rodovia em que a onça-parda foi encontrada, outro acidente com tamanduá-bandeira foi registrado neste ano, o que indica a passagem de animais silvestres pela região.

“Reforçamos o pedido da população para que, caso se deparem com um animal vitimado na beira da estrada, acionem os órgãos competentes, como a concessionária responsável pela via”, afirma a bióloga do IAT, Paula Vidolin.

No caso de estrada não pedagiada, é possível acionar a Polícia Ambiental ou um Escritório Regional do IAT mais próximo.