Em um primeiro sinal de recuperação do setor de educação superior privada no País, os preços das mensalidades de faculdades particulares apresentaram alta de 6,3% na modalidade presencial e 7,7% no ensino à distância (EaD) no segundo semestre de 2018, na comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento ficou acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que foi de 1,8% no acumulado de 12 meses terminados em maio deste ano. Foi a primeira alta superior ao INPC desde 2016.

Os dados são do Índice Nacional de Preços de Mensalidades – Quero Bolsa (INPM-QB), que calcula a inflação do setor, divulgado pela Quero Educação na terceira edição do Panorama do Ensino Superior Privado.

O Índice mapeou mais de 1.300 Instituições de Ensino Superior (IES), o que representa mais de 80% do mercado nacional, em todos os estados do País, levando em consideração o preço de tabela dos cursos, antes de qualquer desconto. "Em cenários de melhora na economia e recuperação da demanda, é comum que as Instituições de Ensino busquem explorar um aumento nos preços das mensalidades.

Na edição 2017 do Índice Nacional de Preços de Mensalidades, antecipamos que veríamos os primeiros sinais de recuperação do setor neste ano. Além disso, a inflação tem se mantido em níveis historicamente baixos", afirma Pedro Balerine, diretor de Inteligência da Quero Educação.

Na segmentação por categorias de cursos, todas as áreas – Ciências Sociais, Negócios e Direito; Educação; Saúde e Bem-estar Social; Serviços; Humanidades e Artes; Ciências, Matemática e Computação; Engenharia, Produção e Construção; e Agricultura e Veterinária – apresentaram inflação real positiva, com destaque para Ciências, Matemática e Computação e para Educação que registraram inflação nominal acima de 10%. Por sua vez, a área de Engenharia, Produção e Construção apresentou a menor inflação nominal (3,1%).

Cursos mais buscados

O Panorama do Ensino Superior Privado traz ainda o ranking dos cursos mais buscados no Quero Bolsa, marketplace controlado pela Quero Educação que reúne bolsas de estudos em mais de 1300 IES. De acordo com o levantamento, Direito, Enfermagem, Administração, Psicologia e Pedagogia seguem sendo os cinco cursos mais buscados. Eles se alteram nas primeiras posições há seis semestres consecutivos, sendo que Direito se mantém no topo há 10 semestres consecutivos. O ranking dos 10 mais inclui ainda Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Ciências Contábeis e Farmácia.

"Farmácia consolidou um viés de alta. Passou de 18º curso mais buscado em 2014 para 12º em 2018. Os cursos de saúde seguem atraindo cada vez mais estudantes, possivelmente, por ser um setor onde contratações e demissões oscilam menos em momentos de crise", explica Balerine.

Os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo são os que apresentaram maior queda. Arquitetura e Urbanismo recuou duas posições no último ano – de 16ª para a 18ª colocação. Já Engenharia Civil caiu três lugares para ficar em 15º mais buscados em 2018.

Evasão

Em outra análise, que cruzou dados dos Censos da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desde 2011, o Panorama do Ensino Superior identificou que a evasão – nível Brasil – sofreu uma piora a partir de 2015. A piora – de 19% em 2011 para 23% em 2015 – é puxada, principalmente, pela crise econômica que o Brasil sofreu a partir daquele ano e, no caso específico da educação presencial, por causa da redução nos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no fim de 2014.

O Panorama revelou também que a incapacidade de manter em dia o pagamento das mensalidades segue sendo o principal motivo que leva os estudantes brasileiros a evadirem de um curso superior, seguido por outros compromissos pessoais / profissionais e falta de identificação com o curso escolhido. Foram entrevistados 50 mil graduandos e pessoas interessadas em ingressar em um curso superior para o levantamento.

Ainda segundo a pesquisa, os alunos que nunca trabalharam são menos propensos a evadir. "Trata-se de um público cujos estudos são financiados por outra pessoa, como um familiar. Essa parcela de estudantes consegue focar mais nos estudos e não se preocupar se vai conseguir bancá-los", ressalta Balerine.

Pós-graduação

Outra novidade desta edição do Panorama do Ensino Superior Privado é o levantamento de dados sobre o mercado de pós-graduação – O MEC não realiza censos educacionais anuais de pós-graduação. A pesquisa mostrou que o público da pós é majoritariamente feminino (63%) e a renda média entre os alunos é de R$ 1.970,00. Destaque ainda para a demanda por cursos de gestão, principalmente os do tipo Master of Business Administration (MBA), que representam 30% das matrículas.

"A alta demanda sugere que pessoas com formações diversas procuram na pós-graduação em gestão uma formação complementar aos seus cursos de origem, de forma a tornar a pessoa mais preparada para cargos de liderança", conclui o diretor.