Ricardo Marajó/FAS

A Prefeitura de Curitiba atenderá por meio de sua rede de serviços o grupo com 90 venezuelanos que desembarcou no fim da tarde desta terça-feira (25/9), no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Os imigrantes saíram de Boa Vista, em Roraima, pela manhã, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e foram abrigados no espaço de um antigo seminário da Congregação Carmelitas, no bairro Fanny.

“Faremos parte desta grande rede de ajuda ofertando nossos serviços nas áreas da assistência social, trabalho, saúde, educação e outras, dependendo da necessidade de cada um. Em nome do prefeito Rafael Greca, reforço o carinho de todos que os atenderão, com a esperança e o desejo de dias melhores em nossa cidade”, disse a presidente da FAS, Elenice Malzoni, que participou da recepção aos imigrantes.

Em função da proximidade com o abrigo onde foram instalados, o grupo receberá atendimento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Novo Mundo. Na unidade eles serão cadastrados no CadÚnico, sistema do governo federal para concessão de benefícios assistenciais, e encaminhados para os demais serviços.

Entre eles, matrícula na rede municipal de ensino, qualificação profissional, principalmente nos Liceus de Ofícios, e vagas de emprego, por meio dos postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine). “Vamos atendê-los com todos os serviços que possam assegurá-los a cidadania”, explicou a supervisora da FAS na Regional Pinheirinho, Maria Inês Gusso Rosa.

Características

O grupo é formado por 73 homens, 12 mulheres e cinco crianças e adolescentes de 2 a 16 anos. Todos chegaram a Curitiba com documentos, como registros de residência temporária ou de refugiados, CPF e Carteira de Trabalho, vacinação, exigidos para que possam participar do programa de interiorização para imigrantes.

O programa prevê que eles fiquem no abrigo até o fim de dezembro deste ano, quando deverão estar emancipados, segundo a Márcia Ponces, coordenadora da organização não governamental Cáritas, no Paraná, vinculada à Conferência Nacional dos Bispos de Brasil (CNBB), que coordenará o espaço.

Além do acolhimento, os venezuelanos terão aulas de Língua Portuguesa, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), atividades de integração, oficinas e cursos.

Esperança

Esneida Vega, 38 anos, faz parte do grupo de imigrantes que chegou a Curitiba. Advogada, ela deixou Mérida, sua cidade natal, há cinco meses e buscou refúgio em Roraima com os três filhos, de 2, 11 e 15 anos. “Precisei sair da Venezuela porque trabalhava na defesa de perseguidos políticos”, explicou. Ao desembarcar, ela disse estar nervosa, mas também contente e esperançosa para encontrar novas oportunidades de trabalho.

O motorista de ônibus e caminhão José Luiz Mata, 45 anos, também disse que decidiu vir para Curitiba em busca de uma oportunidade de emprego. Com experiência de 30 anos, ele pretende trabalhar na mesma profissão, ter salário e conseguir trazer os cinco filhos que ficaram em El Tigre. Mata veio para Curitiba acompanhado da esposa, grávida de três meses.

Ação conjunta

O grupo que chegou a Curitiba veio do município de Pacaraima e arredores, por intermédio do programa Recepção Institucional e Integração Local de Venezuelanos Migrantes. O programa é financiado pela Organização Internacional para Migração (OIM), agência ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

No Paraná, a operação contou ainda com o apoio do Exército, por meio da 5ª Região Militar, que cedeu três ônibus para transporte entre o aeroporto e o abrigo e a alimentação ofertada na unidade.