Geraldo Bubniak – Leonardo de Oliveira

O presidente do Paraná Clube, Leonardo de Oliveira, explicou nessa segunda-feira (dia 6) por que decidiu manter o técnico Rogério Micale, apesar da pressão de torcedores. Para o dirigente, o desempenho da equipe não é compatível com os resultados. Além disso, a questão financeira foi muito citada durante a entrevista para a rádio Transamérica.

“É difícil falar nesse momento sobre desempenho, sobre números do jogo. Mas analisamos nossos jogos, e a partida de ontem também. Percebe-se que criamos inúmeras oportunidades e poderíamos ter outro resultado se aproveitássemos as oportunidades criadas. Estamos vivendo esse momento por esses erros, por não aproveitar as oportunidades”, disse. “No futebol brasileiro tem muito a cultura de fazer o que for preciso para conseguir a vitória, independente do trauma que isso traga”, ressaltou. “Precisamos administrar nossas dificuldades dentro do nosso elenco. Acreditamos que o Micale tem condições para fazer isso”, afirmou.

A chegada de alguns reforços – como Maicosuel, Rafael Grampola e Rodolfo – melhorou o rendimento da equipe, segundo o presidente. “Conseguimos qualificar mais o elenco, até para que o Micale tenha possiblidade de variações táticas. E o segundo tempo de ontem foi exemplo disso. Com duas mudanças, ele conseguiu trazer novo rendimento da equipe, mas não conseguimos traduzir em resultado”, argumentou. 

A estabilidade financeira do clube é uma prioridade, explicou Leonardo de Oliveira. “Precisamos de cabeça fria e entender esse momento. Estamos plenamente de acordo com nosso torcedor nas cobranças, mas é preciso que o planejamento siga. As coisas precisam ser trabalhadas com a cabeça no lugar, sem erros que nos fizeram quase ter que fechar as portas. Não deixaremos de pagar impostos para investir em atletas e criar dívidas para futuro”, avisou.

Leonardo explicou que, no início de 2018, a diretoria decidiu investir na estrutura do clube. “No nosso planejamento no início do ano, tínhamos estrutura precária. Precisamos fazer investimentos na estrutura. E isso nos trouxe dificuldade para fazer investimentos em atletas, em quantidade de atletas”, afirmou. “A nossa academia tinha sido montada em 2003 e nunca tinha recebido equipamento novo. Precisamos priorizar algumas coisas em detrimento a outras”, comentou. “A folha do Paraná é cerca de R$ 1 milhão por mês. É baixa para os padrões da Série A. E é muito difícil angariar atletas nesse momento”, declarou. “Estamos no caminho certo para reconstruir a dignidade do clube. Todos que estão no Paraná têm orgulho de estar no Paraná e a segurança que estão trabalhando em um clube que não corre o risco de fechar as portas. Esse é o maior legado”, explicou.

O dirigente também explicou que não foi possível renovar contrato com os zagueiros Brock e Maidana e o meia Renatinho, destaques do time de 2017. “Todo esforço foi feito. Vou dar exemplos. O Brock já tinha fechado contrato com o Goiás há meses antes de conseguirmos o acesso. Gostaria de ter mantido o Maidana. Não tivemos nem a possibilidade de fazer proposta. O São Paulo envolveu o jogador numa negociação com o Atlético-MG. Não podemos nos dar ao luxo de comprar jogadores. Trabalhamos com jogadores livres no mercado. O Renatinho fechou com o Botafogo antes da Série B acabar. Já tinha propostas com cifras maiores”, explicou. 

Sobre as contratações feitas no início de 2018, Leonardo fez um balanço. “Erramos bastante, infelizmente. Mas essa responsabilididade é do clube. É minha. Ocorreram erros nas contratações. Não tínhamos caixa para trazer jogadores que teríamos segurança. Trouxemos apostas e muitas não deram certo. Mas esse risco era necessário”, disse.

Em relação à torcida, o presidente agradeceu ao apoio no último jogo, contra o Ceará. “O torcedor foi o melhor possível. Nos incentivou até o último minuto. As vaias aconteceram após o tempo regulamentar”, destacou.