Tomaz Silva/Agência Brasil – Bolsonaro: sigla vê “vingança”

O presidente do PSL e deputado federal Luciano Bivar (PE) foi um dos alvos da Operação Guinhol, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF), que investiga suspeitas de uso de candidaturas “laranjas” de mulheres para o desvio de recursos do fundo partidário pela legenda do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), foram sendo cumpridos em endereços residenciais e comerciais do parlamentar, como sua casa em Jaboatão dos Guararapes (PE).

A suspeita é que os investigados teriam usado os recursos destinados às candidaturas de mulheres foram usados “de forma fictícia” e “desviados para livre aplicação do partido e de seus gestores”.

O advogado de Bivar, Ademar Rigueira, divulgou nota em que afirma que a operação está “fora de contexto”.

Esperada
O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), sinalizou que a fala de Bolsonaro sobre o partido foi um sinal de que a operação da PF contra o presidente do partido. “Só o Saci Pererê e o Papai Noel que não sabiam dessa operação da PF”, disse. “Todo mundo sabia depois da fala do presidente na semana passada. Ele deu o recado”, afirmou.

Na terça-feira passada, ao ser abordado diante do Palácio da Alvorada por um apoiador que disse ser pré-candidato a vereador no Recife, Bolsonaro pediu a ele para “esquecer” o PSL e afirmou que Bivar “está queimado para caramba”. “Nada é sem razão, sem motivo. Ok? Não viu o que eu disse? Bivar estava esperando a PF com cafezinho”, afirmou Waldir.

Autorização
A operação havia sido pedida em agosto pela Polícia Federal. A autorização da Justiça chegou a ser negada em primeira instância, mas foi dada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco após o Ministério Público recorrer.

Deputados ligados ao dirigente do partido atribuem a operação a uma espécie de retaliação de Bolsonaro, que discute deixar a legenda. A investigação começou em março e foi autorizada pelo TRE-PE após suspeitas envolvendo a campanha da candidata à deputada federal Maria de Lourdes Paixão, que teria atuado como “laranja” para receber R$ 400 mil de verba eleitoral.

Procuradoria nega interferência
A Procuradoria Regional Eleitoral em Pernambuco rechaçou, por meio de nota, a “interferência de órgãos ou autoridades estranhas” na Operação Guinhol, deflagrada ontem contra suposto envolvimento do presidente nacional do PSL, Luciano Bivar. Aliados do dirigente da legenda atribuem a operação a uma espécie de retaliação do presidente Jair Bolsonaro, que discute deixar o partido. Segundo a Procuradoria, “essa investigação é objeto de inquérito policial instaurado em 7 de março de 2019 pela Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal em Pernambuco”.