RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência da República, afirmou nesta quinta-feira (21) que a prisão do ex-secretário de Logística e Transporte de sua gestão em São Paulo, Laurence Lourenço, não terá efeito em sua pré-campanha à Presidência.

“Nenhum”, disse ele quando questionado sobre o tema, após almoço com empresários na Firjan, no centro do Rio de Janeiro.

Lourenço foi preso na Operação Pedra no Caminho, que apura crimes praticados por agentes públicos e empresários durante as obras do trecho norte do Rodoanel. Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), o superfaturamento na obra chega a mais de R$ 600 milhões.

Alckmin disse apoiar a investigação, mas pediu uma conclusão rápida sobre o caso.

“Se há qualquer tipo de investigação, que ela seja rápida, profunda e que se esclareça. O que tínhamos conhecimento era de um parecer um técnico do TCU e todas as informações já foram prestadas”, disse o ex-governador tucano.

“A gente não deve se precipitar, para não tirar conclusões precipitadas. Vamos aguardar para não cometer injustiça”, declarou o tucano.

Lourenço foi presidente da Dersa, estatal responsável por obras rodoviárias paulistas, e secretário de Logística e Transportes durante a gestão Alckmin. Atualmente preside a Cesp (Companhia Energética de São Paulo).

O tucano disse que o superfaturamento apontado pelo TCU tinha como origem uma “diferença de interpretação nas regras do BID e do próprio TCU”. Sobre os indícios de corrupção, apontados pelo Ministério Público Federal, ele respondeu: “Só se tiver fato novo, porque não existia isso”.

O ex-governador disse em sua resposta que nomeou um procurador como secretário de Transporte em sua gestão, em referência a Saulo de Castro Abreu, escolhido em 2011 para o cargo.

“Todo apoio à investigação. Nosso secretário dos Transportes foi um membro do Ministério Público. Não é nem promotor, é mais que promotor, é procurador do estado de São Paulo”, disse ele.

A equipe nomeada para a pasta em 2011 tinha um perfil policial. Uma das tarefas era a revisão de contratos e licitações da secretaria, foco de denúncias de superfaturamento e tráfico de influência na gestão de José Serra (PSDB) no Estado.

O presidente da Dersa na gestão Serra foi Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que chegou a ser preso em investigações do MPF neste ano.

Lourenço é ex-diretor da Kroll, empresa de investigação. À época de sua nomeação, em 2011, Abreu descreveu os atributos do subordinado para o cargo.

“A Kroll deu ao Laurence experiência na iniciativa privada, superfaturamento de contratos etc”, disse o então secretário.