BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Colaborador da campanha de Marina Silva, o cineasta Fernando Meirelles afirmou que em 2014 imprensa procurou “pelo em ovo” ao criticar propostas da ex-senadora para a população LGBT.

À reportagem, por e-mail, o diretor de “Cidade de Deus” defendeu o programa da candidata da Rede, que ajudou a formular.

“Na última eleição só ela tinha um plano de governo e a imprensa, ao invés de achar isso positivo, foi buscar pelo em ovo, e criou-se uma polêmica semântica. O programa falava em ‘união estável’  entre casais do mesmo sexo e não em casamento. Isso deu pano para manga e ela perdeu muitos votos”, escreveu.

Em 2014, a campanha da candidata (então no PSB), sofreu baixas após um recuo do programa em relação ao casamento gay. Menos de 24 horas após a divulgação, a presidenciável retirou do documento trechos que tratavam de questões de gênero e orientação sexual.

Entre elas a promessa de articular a aprovação de leis regulamentando a união de casais do mesmo sexo e a criminalização da homofobia. A justificativa foi a de que a versão divulgada não era a final.

Neste ano, as diretrizes programáticas da ex-senadora afirmam que o casamento homoafetivo deve ser protegido por lei.

Segundo o cineasta, a polêmica fez com que Marina ficasse “mais cautelosa para expor as ideias”. “Mas não tem jeito, esta é a hora”, disse. 

Meirelles é um dos colaboradores da campanha de Marina e já atuou com ela em outras eleições. Ele diz que por conta da agenda corrida -está rodando uma série para a HBO e finalizando um longa- tem ajudado “menos do que gostaria”. “O que estou fazendo é ceder imagens para os vídeos da campanha e participando de um grupo que ajuda a pensar, reclamar e sugerir ideias”, afirmou.

Dos vídeos, a campanha da candidata da Rede diz já ter produzido 12 peças. O tempo da candidata na TV é escasso: coligada com o PV, possui 21 segundos no horário eleitoral e uma inserção de 30 segundos por dia. 

Por isso (e também pelo fato de a campanha na TV começar apenas no dia 31 de agosto), o foco devem ser as redes sociais, onde Marina já publicou clipes de campanha.

Do programa, Meirelles diz que o que mais gosta é “o propósito geral”: “Combater a desigualdade com desenvolvimento sustentável. Isso gera boas ideias em todos os campos”, disse. Entre elas, cita a diversificação de matriz energética, e o foco dado na educação de crianças de zero a 6 anos.

“É aí que o cérebro se forma e se organiza e é aí que começa a desigualdade. Faz todo sentido buscar dar a todas as as crianças a mesma chance com bons maternais”, afirmou.