Mesmo em tempos de crise econômica, o mercado de produtos eróticos vai de vento em popa no Brasil. Segundo informações da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme), apenas no último ano o setor apresentou crescimento de 15%,atingindo a expressiva marca de 10 milhões de itens eróticos e sensuais comercializados por mês. O Paraná se destaca nesse cenário como o quinto maior mercado consumidor, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Paula Aguiar, presidente da Abeme, comenta que o crescimento do mercado erótico tem sido sustentado através do lançamento de novos produtos e pela conquista de novos consumidores. Assim o setor, que já fatura mais de R$ 1 bilhão por ano, tem se diversificado cada vez mais para atender a todos os gostos e bolsos.
“Pelo fato de só 17% da população já ter comprado algum produto erótico, sempre temos onde trabalhar, onde buscar novos consumidores. Então avançamos algumas fronteiras, como é o caso dos produtos evangélicos, que cresceu 30% o consumo, e o aumento dos negócios de venda porta a porta, que exige um valor baixo de investimento e é uma boa possibilidade de negócio para mulheres desempregadas”, diz a presidente da Abeme.
Vanja Salmazo, proprietária do Sex Shop da Mulher, localizado na região central de Curitiba, aponta ainda que o setor até sofreu com algumas das mudanças dos últimos anos, principalmente o aumento do preço do dólar, já que muitos dos produtos são importados. Entretanto, até pelo difícil momento que o país atravessa, brincadeiras mais picantes a dois acabaram se tornando uma ótima válvula de escape para escapar da dura realidade do país.
“O setor cresceu bastante nos últimos anos. Tem mais lojas, revendedoras… Mas esse cenário econômico atrapalha, porque temos muitos produtos importados. Mas o mercado, num geral, sobreviveu até que bem. Quanto mais estressadas as pessoas estão, mais voltadas acabam ficando para essa área do amor, do sexo.”

Sex Shop de Curitiba aposta também em saúde para driblar a crise
Criado há 14 anos, o Sex Shop da Mulher foi pioneiro em Curitiba, sendo um dos primeiros estabelecimentos do ramo a focar na mulher. “Nossa proposta é fazer a mulher ter prazer, ser plena. Quando vim para cá, sex shop tinha cabine (para assistir a filmes pornô, o que atraía homens e afastava mulheres), não tinha essa cara de hoje, toda feminina. As pessoas não queriam me alugar o espaço. Hoje em dia tem shopping atrás da gente”, conta Vanja.
Mais recentemente, o estabelecimento passou por uma nova mudança, o que foi fundamental para a empresa se manter saudável mesmo em meio à crise econômica. 
“Sex shop é luxo. Então quando entrou a crise, pensei: precisa deixar de ser um luxo e passar a ser uma necessidade. Aí comecei a trabalhar esse lado da saúde sexual da mulher, fizemos parcerias com sexólogas, ginecologistas e fisioterapeutas. Nos recriamos com um atendimento mais consultivo e tivemos crescimento por causa disso. Se fosse só a sex shop, não se teríamos tido um crescimento tão expressivo.”

Público paranaense é dos mais ‘puritanos’ dizem lojistas
Embora seja um dos principais mercados consumidores de produtos eróticos e sensuais no Brasil, o público paranaense (em especial o curitibano) ainda apresenta algumas peculiaridades em relação ao que se vê em outros estados. A principal delas é a timidez.“(O paranaense) É muito puritano. É um público mais contido, mais discreto. Vemos um crescimento grande de cursos, as mulheres gostam de strip-tease, sensualidade, mas são mais contidas do que as mulheres de outros estados, que tem um consumo mais picante. As paranaenses são mais produtos para uso a dois”, afirma Paula Aguiar. Vanja Salmazo reforça o comentário da colega, contando ainda que teve de fazer algumas alterações recentes em sua loja. “O curitibano é mais introvertido. Lá em Porto Alegre eu tinha uma loja de rua e as gaúchas não queriam nem saber quem estava olhando. Aqui já teve coisas que precisei fazer diferente. Por exemplo, tínhamos duas vitrines grandes e tivemos de fechar.

Homens começam a entrar na brincadeira
Se hoje o mercado é voltado quase que exclusivamente para o público feminino, aos poucos os homens também começam a entrar na brincadeira, comenta Paula Aguiar. E uma prova disso é que um dos produtos que mais tem crescido a venda neste ano é o gel para beijo grego., que ainda é um grande tabu.
“Nunca se vendeu tanto esse produto como se vende hoje. O homem está se abrindo a novas possibilidades. Temos também uma forte indústria cosmética, com produtos para todos os gostos, e estamos na segunda geração dos géis para sexo oral com vibração”, diz Paula, dando ainda a dica àqueles que querem propor uma aventura ao parceiro: “É propor o diálogo antes de mais nada. Coisas leves, como géis para massagem, velas, flores, um bom jantar, é sempre um bom início para trazer coisas diferentes para a relação, mas sair da rotina.”