SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um professor substituto do Cotuca, colégio técnico da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), foi vítima de racismo e de homofobia na quarta (19). No armário do educador, que dá aulas de língua portuguesa, foi deixado um bilhete ofendendo-o.

Segundo confirmado por uma aluna, que conversou com o professor sobre o incidente, a nota dizia: “Caro professor, fica a dica: você é preto e v…, seu lugar não é na sala de aula.”

Em nota de repúdio, o colégio lamentou o incidente “gravíssimo”. “Prestamos solidariedade ao professor e exigimos respeito por todos os membros de nossa comunidade”, diz trecho.

A Secretaria da Segurança Pública, gestão Márcio França (PSB), afirmou que, até quinta (20), nenhum registro sobre o caso havia sido feito nas delegacias de Campinas (93 km de SP).

RACISMO NA EDUCAÇÃO

Em 2015, outro professor, Juarez Tadeu de Paula Xavier, 55, do curso de jornalismo da Unesp de Bauru (a 329 km de SP) e militante do movimento negro, foi alvo de ofensas racistas escritas num banheiro masculino da universidade. 

As inscrições diziam: “Unesp cheia de macacos fedidos”, “Juarez macaco” e “Negras fedem”. A instituição disse que investigaria o caso e lançaria uma campanha em sua rádio contra a discriminação racial. Juarez deu seu depoimento à Folha de S.Paulo, na época.

Nesta semana, um vídeo circula nas redes sociais mostrando um professor sendo hostilizado, intimidado e agredido por alunos dentro de uma sala de aula do Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Mestre Marçal, instituição municipal de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro.

Durante uma prova de português, nem mesmo a atividade escapa de ser vandalizada pelos alunos. Um deles escreve palavrões na folha de prova, xinga o docente várias vezes e chega a amassar e morder o papel, com risos ao fundo e alguém que diz “acabou a prova”. Ao fim do vídeo, uma pochete é jogada na direção do professor, mas não chega a acertá-lo.

Em outro momento, um dos alunos chega a questionar o colega se ele vai mesmo “matar o professor”, já que “ele é maneiro, te dá aula”, enquanto o outro responde que ele “nunca mais vai dar”.

No estado de São Paulo, a cada dois dias, em média, três professores são agredidos em seus locais de trabalho, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Educação. Há educadores atingidos com lixeiras, carteiras escolares, socos, chutes e pontapés.