Amanda Nunes/Colaboração

Profissionais que estavam em turno de trabalho na Maternidade Bairro Novo fizeram um protesto na manhã desta terça (31) contra a decisão da Prefeitura Municipal de Curitiba de transferir os partos que seriam atendidos na Maternidade Bairro Novo para o Hospital Evangélico e para a Maternidade Mater Dei. O objetivo é liberar leitos da Maternidade Bairro Novo para pacientes de baixa complexidade sem suspeita de Covid-19. Isso liberaria vagas em hospitais de referência para os casos suspeitos ou confirmados de Coronavírus. “A Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas) e a Secretaria Municipal de Saúde estão trabalhando exaustivamente para adequar a rede de assistência para o enfrentamento da COVID-19. A Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas) e a Secretaria Municipal de Saúde estão trabalhando exaustivamente para adequar a rede de assistência para o enfrentamento da COVID-19”, disse a assessoria da Prefeitura de Curitiba.

A medida, no entanto, está sendo questionada pelos profissionais de saúde que atendem na Maternidade Bairro Novo. Eles alertam que a situação pode gerar um caos no atendimento às gestantes. “As gestantes estão sendo colocadas em risco ao serem transferidas, já que esses locais que deveriam recebê-las já estão lotados e não estão conseguindo atender as gestantes, que muitas vezes já chegam com o bebê prestes a nascer”, alerta a enfermeira obstétrica Aline Calça, que atua na área de obstetrícia há 19 anos, dos quais seis na maternidade Bairro Novo. “Outra questão bastante grave é que, nos hospitais gerais, o risco de uma infecção hospitalar é muito maior, já que esses locais costumam estar mais expostos a vírus e bactérias que podem ser letais tanto para a mãe que acabou de parir, quanto para o bebê. Além disso, complicações obstétricas podem passar despercebidas por causa do excesso de mulheres que precisarão de assistência”, completa. “No mundo todo a orientação dos profissionais de saúde é que os partos, em tempos de pandemia, ocorram em maternidade e em casas de parto. Curitiba está indo na contramão do que os especialistas em parto recomendam”, explica.  “Nosso maior temor é que a superlotação no Hospital Evangélico e na Maternidade Mater Dei gere um caos no atendimentos às gestantes. Elas correm o risco de, inclusive, terem seus filhos no meio da rua por falta de atendimento. A situação é muito grave e estamos muito preocupados, destaca Alyni Dobkowski”, enfermeira obstétrica que trabalha há dois anos na maternidade Bairro Novo.

A sugestão dos profissionais de saúde da Maternidade Bairro Novo é que o local concentre o atendimento às gestantes e que a necessidade de leitos emergenciais para os doentes do Covid 19 seja resolvida com leitos hoje ocupados por gestantes nos hospitais gerais. Eles defendem também a construção de hospitais de campanha para atender à emergência de saúde pública, como está ocorrendo em outros países.

Segundo comunicado da Prefeitura, a  maternidade, com seus 40 leitos, está sendo reorganizada para acolher pacientes de baixa complexidade e asilados que ocupam leitos nos hospitais de retaguarda para o COVID-19.  “As gestantes atendidas neste serviço são de baixo risco ou risco habitual e estão sendo remanejadas para maternidades de referência em Curitiba, com equipes e estrutura que asseguram a qualidade de seu atendimento. A Maternidade Bairro Novo vem reduzindo progressivamente o número de partos, variando de 130 a 160 partos nos últimos três meses, com média de três a seis partos por dia. A baixa demanda motivou o remanejamento porque não sobrecarrega os hospitais que as receberão e nos propiciam somar 40 leitos à rede de assistência ao COVID-19.  A medida se fez necessária diante da reestruturação de nossos serviços em um momento de calamidade pública, causado por uma enfermidade que já atingiu mais de 635 mil pessoas em todo o mundo. São medidas para dar melhor assistência ao povo de Curitiba em um momento crítico de pandemia”, diz o comunicado.