De janeiro a novembro, 22 blitze de fiscalização de alcoolemia, integrantes do projeto Vida no Trânsito, foram realizadas em Curitiba e mais seis ocorrerão ainda neste mês. São ações conjuntas entre a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), a Guarda Municipal de Curitiba, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), tendo como base a Lei Seca. O número de ações ultrapassa a meta de oito blitze integradas que estavam prevista para este ano.

As operações realizadas até novembro registraram a abordagem de 857 condutores de veículos e realização de 349 testes com o etilômetro – desses, 22 deram positivo para uso de álcool. Em 2013, o Vida no Trânsito efetivou a realização de blitze integradas com participações de diversas instituições, um marco para a cidade pela reunião de órgãos públicos do município, do estado e do governo federal em prol da segurança no trânsito em Curitiba, disse Cassiano Novo, diretor da Escola Pública de Trânsito da Setran e um dos coordenadores do Vida no Trânsito em Curitiba. As ações do projeto foram avaliadas em encontro realizado na quarta-feira (11), no auditório do Mercado Municipal.

No encontro, foram destacadas as principais ações do projeto em Curitiba e apresentado o planejamento para 2014, quando o tema velocidade no trânsito estará em foco, assim como a segurança de pedestres e ciclistas – as ações referentes ao álcool seguirão com a continuidade das blitze integradas.
Dentre as metas para o próximo ano está o aumento das ações intersetoriais, com maior integração dos órgãos públicos e instituições que participam do Vida no Trânsito em Curitiba. As ações que hoje são feitas de maneira isolada em cada instituição devem ser trazidas para o projeto, para que todos participem e discutam as melhores soluções para o trânsito de Curitiba.

O trabalho isolado não adquire consistência para impactar seriamente as soluções para uma melhor segurança no trânsito. Todos devem se sentir responsáveis e participantes, fortalecendo o trabalho integrado e ajudando na redução dos indicadores de trânsito que não são positivos na cidade, destacou Vera Lídia Vera Lídia de Oliveira, da Secretaria Municipal de Saúde e também coordenadora do Vida no Trânsito na capital paranaense.

Segundo dados consolidados de 2012 do Comitê de Análise dos Acidentes de Trânsito Fatais do projeto Vida no Trânsito, os principais fatores de risco para acidentes na capital são, pela ordem: álcool, alta velocidade e problemas de infraestrutura. As principais condutas de risco que contribuem para acidentes são, pela ordem: desrespeito à sinalização, transitar em local impróprio e ausência de direção defensiva.

O número de vítimas fatais em acidentes de trânsito vem caindo nos últimos anos em Curitiba. Em 2010, ano em que o Vida no Trânsito passou a fazer a análise dos acidentes na cidade, foram 327; em 2011, 321; em 2012, 268. No primeiro semestre de 2013, foram 124 vítimas fatais. Segundo Cassiano Novo, a expectativa é que os números diminuam ainda mais nos dados consolidados de 2013, pois no segundo semestre deste ano foram intensificadas as ações contra o uso de álcool por condutores de veículos, com a realização das campanhas municipais Lei Seca – Vai Pegar e Vó Gertrudes.

Ações em 2014

Uma das ações de destaque do projeto Vida no Trânsito em Curitiba no próximo ano será a realização, em novembro, do 1º Encontro Nacional de Normatização de Dados Estatísticos de Trânsito, para dar início ao processo de organizar e padronizar os bancos de dados de todas as instituições de trânsito no país. É mais do que necessária a integração das informações de trânsito no Brasil. Esta iniciativa de Curitiba será muito importante para que tenhamos um sistema nacional de banco de dados de trânsito, revelou Mauro Gil, do Observatório Nacional de Segurança Viária, uma das instituições que participam do Vida no Trânsito.

Na programação das atividades do projeto em 2014 está a realização de dez programas relacionados principalmente aos temas velocidade, álcool, pedestres e ciclistas; notificações formais a órgãos públicos e à Câmara Municipal para haver um maior comprometimento com a segurança no trânsito da cidade; melhor aproveitamento do georreferenciamento para realizar ações integradas em pontos de risco de acidentes na cidade; capacitação de agentes comunitários de saúde e formação de multiplicadores para as questões de trânsito, como profissionais de áreas relacionadas à saúde (fisioterapeutas, professores de educação física, etc).

Também vamos mobilizar as lideranças das administrações regionais, como administradores, conselheiros de saúde e de segurança, para as questões do trânsito. Quem está na regional sabe em quais ruas há mais acidentes, onde os jovens costumam se reunir para beber e depois dirigir, lembrou Vera Lídia.

Em 2014, ainda serão realizadas ações mensais no Bosque da Vida, recentemente inaugurado no Parque da Barreirinha em homenagem às vítimas fatais de acidentes de trânsito em Curitiba.

Projeto

O projeto Vida no Trânsito integra uma ação global chamada Road Safety in 10 Countries (RS 10), coordenada pela Opas/OMS e financiada pela Bloomberg Philanthropies, cujos objetivos são estimular, nos países financiados, ações de prevenção a lesões e mortes no trânsito e aumentar a capacidade de avaliar projetos de melhorias no trânsito. O Vida no Trânsito tem um método específico de análise das ocorrências de trânsito e tem a intenção de reduzir em 50% as fatalidades no trânsito no Brasil até 2025.

A Secretaria Municipal de Saúde e a Setran, em parceria com o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), o Instituto de Criminalística, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma de Emergência (Siate), formam Comitê de Análise dos Acidentes de Trânsito Fatais do projeto Vida no Trânsito.

Todos esses órgãos do poder público, além de secretarias municipais e estaduais e instituições parceiras do projeto também formam subcomissões de análise nas áreas de engenharia, fiscalização, educação e informações.

Os grupos realizam reuniões periódicas para discutir e sugerir medidas para serem implementadas pela Setran na melhora do trânsito em Curitiba.