DANIELLE BRANT

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Santander Brasil não vai colocar o pé no freio por causa das incertezas políticas que rondam o Brasil neste ano, afirmou, nesta quarta-feira (25), o presidente do banco, Sergio Rial. Apesar disso, o executivo admite que a instituição vai ser mais cautelosa a partir do segundo semestre.

“Não vamos reduzir, provamos isso para vocês nos últimos dois anos e meio na crise. O Santander acelera desde 2015. Nós não freamos”, disse Rial, ao comentar os resultados da instituição financeira no primeiro trimestre do ano.

O banco, que respondeu por 27% do resultado do grupo no período, teve aumento de 25,4% no lucro, para R$ 2,859 bilhões. Apesar do avanço, as units -conjunto de ações- do Santander Brasil recuaram 3,06%, com a avaliação de analistas de que estariam “caras”.

Nesta quarta, Rial ressaltou que o banco não vai diminuir suas atividades, mas demonstrou preocupações com o cenário eleitoral. No mesmo dia em que anunciou nova redução na taxa cobrada no crédito imobiliário -foi para 8,99% ao ano-, disse que o juro vai ser revisto no final de julho.

“Em agosto, revisamos a taxa, que pode ser mais baixa, pode ser igual ou pode aumentar. É o momento de chegar, refletir e olhar para frente. É prudente”, afirmou.

O Santander também decidiu marcar para 31 de outubro, três dias após o segundo turno, o seu primeiro “Investor Day”, encontro com investidores em que serão divulgadas as metas da instituição para os próximos três anos.

“A doutrina econômica do Brasil nos últimos dois anos está muito clara, é muito previsível. Os juros foram reduzidos, a inflação caiu. Nós não sabemos o que é a nova doutrina de um governo que será eleito praticamente a partir deste ano”, afirmou.

Rial avalia que até o segundo turno vai haver uma previsibilidade maior do cenário, e que o banco vai ajustar sua avaliação de risco a depender dos nomes que se enfrentarão na disputa final. “Se forem muito polares, ou seja, completamente opostos, vamos ter que avaliar riscos de probabilidade de ganho de cada um. Eles vão anunciar provavelmente quem vai ser o ministro da Fazenda, então a gente vai entender um pouco o que vai ser a doutrina.”

No ano, o spread do Santander –diferença entre a taxa que o banco capta e empresta dinheiro– subiu de 8,9% para 10%, mesmo com a queda da taxa Selic em 2017. A inadimplência, outro componente do spread, se manteve em 2,9% no primeiro trimestre.

“Selic sozinha não explica spread. Se nós soubéssemos qual o direcionamento da política econômica nos próximos quatro anos, se soubéssemos que o Brasil continua a fazer suas reformas estruturais e que chegaremos ao equilíbrio fiscal em 2020, a taxa de juros de longo prazo cai”, afirmou. “Aí os agentes econômicos se sentem mais confortáveis de fazer uma aposta agressiva agora, em vez de esperar.”

Em 2014, quando Rial ainda não estava no banco, o Santander se viu em meio a uma polêmica envolvendo política. Dois meses antes das eleições, uma analista do banco enviou a clientes relatório no qual dizia que a reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT) provocaria alta do dólar e dos juros e queda da Bolsa. Ela acabou demitida.