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A PROTESTE, Associação de Consumidores, orienta o consumidor sobre o endividamento em tempos de coronavírus e o que fazer para evitar, se possível. O cheque especial e o cartão de crédito são uns dos principais vilões do endividamento, sendo necessário tomar alguns cuidados.

Para não cair na armadilha do cheque especial, por exemplo, o consumidor não deve pensar que essa linha de empréstimo é uma extensão de seu salário. Como os bancos disponibilizam o cheque especial de forma fácil e imediata, o consumidor pode ficar tentado a usá-lo, levando ao risco de endividamento devido aos altos juros cobrados.

“Por isso, é importante que o consumidor fique atento e reveja o quanto tem disponível de limite de cheque especial em sua conta, para evitar pagar uma tarifa referente a um valor que nunca utilizará”, orienta Rodrigo Alexandre, especialista da PROTESTE.

Cartão de crédito exige uso consciente

Outro grande vilão da paz financeira é o cartão de crédito. O consumidor precisará tomar cuidado com três situações. A primeira é cair na tentação de usar o crédito rotativo, que permite que o consumidor pague apenas parte da fatura (ele define quanto pagar). Sobre o restante do valor devido incorrerão juros altíssimos. Para ter uma ideia, no último estudo da PROTESTE com cartões de crédito, foi possível encontrar juros de 747% ao ano. Com esses juros, se a fatura for de R﹩ 2 mil e o consumidor pagar o mínimo (20% da fatura, R﹩ 400), no mês seguinte precisará desembolsar R﹩ 1.911,84 – os R﹩ 1.600 que não pagou da fatura anterior e R﹩ 311,84 de juros e encargos.

O segundo perigo é pagar apenas o valor mínimo, levando à mesma situação que a do crédito rotativo. O terceiro é parcelar o total da fatura, o que é feito com juros bem altos também. Por último, não é recomendável usar o cartão para realizar saques. Isso é uma forma de empréstimo que, dependendo do tempo de utilização, pode ficar mais caro que o cheque especial.

Rodrigo Alexandre cita, ainda, outra armadilha: “Cuidado com o aumento do limite do seu cartão, sem você solicitar. Essa é uma das práticas que as financeiras utilizam para estimular o gasto irresponsável, que pode acarretar cobrança de juros elevados em pouco tempo. Cabe ao consumidor, por conta própria, estabelecer um limite. O ideal é que seja inferior a 50% de sua receita líquida mensal, para que evite gastar mais do que possa pagar, já que, além do cartão de crédito, há outras contas fixas mensais”.

Em resumo, com cartão de crédito não se brinca. O caminho para não se endividar é pagar a fatura total, até a data de vencimento, e fazer um controle do orçamento para que a fatura caiba no bolso.

Não contrate crédito pessoal por impulso

Outro fácil caminho para o endividamento é contratar um crédito pessoal. As ofertas para esse empréstimo chegam com muita facilidade até o consumidor: por e-mail, por ligações telefônicas e até mesmo pelo caixa eletrônico – o consumidor vai fazer alguma movimentação bancária e se depara com a oferta de crédito saltando na tela. No entanto, normalmente, essa facilidade para ter dinheiro rápido vai resultar em juros superiores ao que o consumidor pagaria se tentasse negociar diretamente com o banco. “É necessário ter muita atenção e cuidado, pois a oferta é grande e até fácil de pagar, só que toda essa disponibilidade esconde armadilhas que podem trazer prejuízos a curto prazo”, alerta o especialista da PROTESTE.

Se, no entanto, o consumidor precisar realmente de um empréstimo, é preciso fazer uma comparação com outras financeiras para contratar o crédito mais barato. Saiba que, quanto menores as exigências, maiores são as taxas de juros. O crédito pessoal oferecido por fintechs (empresas que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais e por conta de suas estruturas enxutas podem possuir taxas de juros mais baixas) tem custos operacionais muito menores do que os de instituições tradicionais do setor. Ainda assim, é preciso ter em mente que o consumidor nunca deve ultrapassar 30% da renda mensal com parcelas.

FIQUE ATENTO PARA ALGUMAS CAUSAS QUE PODEM GERAR ENDIVIDAMENTO

• Não Ter uma reserva financeira

Sem um dinheiro guardado, qualquer emergência ou situação que saia do costume (compra de remédios, conserto de um aparelho, obras emergenciais em casa, acidente de trânsito, etc.) pode destruir o seu orçamento. O ideal é organizar os gastos mensais e, se possível, reservar 30% do salário para os gastos extras. Da mesma forma como você encara suas despesas fixas, é preciso criar uma disciplina para obter uma reserva para gastos de emergência. Você pode formar uma reserva financeira aos poucos, com pequenos depósitos mensais, até que isso se torne um hábito em seu planejamento financeiro e aos poucos os percentuais dela vão aumentando. Com uma boa reserva, você tem a vantagem de não precisar fazer novas dívidas.

• Tratar contas fixas como inalteráveis

As despesas com aluguel, supermercado, luz e telefone, entre outras, são inevitáveis. Mas não inflexíveis. Você pode e deve controlá-las a seu favor. Por exemplo, tirar os itens supérfluos da lista de compras pode gerar uma boa economia, pelo menos até quando conseguir reequilibrar as contas. Quem paga aluguel, pode pesquisar um lugar com o valor menor e com isso tentar gerar uma economia no final do mês.

• Esquecer os gastos do dia a dia

As contas grandes do mês, como aluguel, financiamento do carro, escola, entre outras, são mais difíceis de esquecer. Mas os pequenos gastos no dia a dia também merecem atenção. Uma água, um lanchinho para acabar com a fome e um cafezinho somados podem surpreender e mostrar que parte do seu dinheiro escoou nessas pequenas coisas. Por isso, é importante ter controle destes pequenos gastos também. O ideal é que, após feito o seu planejamento financeiro, seja estipulado um valor diário para gastar com itens menores e evitar surpresas desagradáveis.

• Ter vários cartões de crédito

Possuir mais de um cartão, para obter mais benefícios (como programas de pontos, por exemplo) não é aconselhável. Caso você opte por ter mais de um cartão, tome muito cuidado para isso não virar um problema. O ideal é aumentar o rigor no controle de suas finanças, pois os juros cobrados são altíssimos. É importante que os limites somados dos cartões não ultrapassem 50% da sua renda mensal, porque quem tem mais de um cartão de crédito está mais propenso a fazer dívidas que podem, em pouco tempo, ficar grandes demais e difíceis de pagar. Além disso, escolha cartões que não possuem anuidades. Afinal, se você acha que precisa ter mais de um cartão, pagar anuidades é perder dinheiro e pode afetar seu orçamento. Por isso, avalie bem a sua realidade financeira antes de tomar a decisão de ter mais de um cartão de crédito.

• Pegar um empréstimo vinculado a algum outro produto

Empréstimos oferecidos por cartões de crédito ou até mesmo pelos cartões de lojas são concedidos por financeiras, que, em regra, cobram juros muito altos. Portanto, não valem a pena. Para piorar, não raro essas instituições oferecem mais crédito do que as pessoas realmente precisam. Não se deixe seduzir: empréstimos altos têm parcelas muito grandes ou um tempo maior para a quitação, e, consequentemente, juros maiores.

• Parcelar diversas compras, mesmo que não sejam cobrados juros

Este é um erro muito comum cometido por quem costuma pagar suas compras com cartão de crédito. A princípio, a oferta dos estabelecimentos para parcelamento sem juros parece ser até bem vantajosa. O problema é que você, facilmente, pode perder a visão do conjunto. Resultado: várias pequenas parcelas viram uma grande dívida no final do mês, a ponto de você não ter como quitá-la. Prefira juntar dinheiro para pagar o que deseja comprar à vista. Assim, ainda pode pedir um desconto.

Para mais informações entre no site da PROTESTE: http://www.proteste.org.br