Pulseiras coloridas de silicone, encontradas para vender em qualquer lugar a baixo preço e acessível a crianças e pré-adolescentes pode não significar nada. Estes objetos, aparentemente um modismo entre estes adultos em formação,  servem como símbolo de como os jovens se relacionam  ao sexo e sexualidade. Por isso, essa moda passou a preocupar pais e educadores, que questionam a idade certa para que eles iniciem uma vida sexual ativa.

Crianças de cerca de 10 anos até adolescentes grande parte das vezesusam as pulseiras sem saber realmente qual o significado das cores. Aamarela significa abraço; a rosa, mostrar o seio; a laranja, dentadinhade amor; a roxa, beijo com a língua (talvez sexo); vermelha, dançaerótica; verde, chupões no pescoço; branca, a menina escolhe o quequer; azul, sexo oral a ser praticado pela menina; preta, fazer sexocom quem arrancar a pulseira e dourada, fazer todos as ações citadas.

O psicólogo Wagner Rengel, afirma que embora as escolas precisem interferir e orientar os alunos, sempre dentro do contexto escolar, promovendo o debate aberto entre os jovens sobre a sexualidade, o fato é algo que está acima da educação escolar: “O problema em si não está nas pulseiras, mas no imperativo, na obrigatoriedade da consumação do ato caso a pulseira seja arrebentada. Trata-se de um banalização do corpo e da subjetividade.

Para ele, é importante esclarecer que uma coisa é a descoberta do corpo, daquilo que as crianças fazem, geralmente escondidas dos pais e fazem entre si e brincando. Como era antigamente nas brincadeiras de ‘casamento atrás da porta’ ou então ‘gato mia’, ou ainda de ‘casinha’. Outra coisa é usar o corpo como uma moeda de troca, mais um objeto de consumo entre tantos.

Rengel, que é formado em psicologia e pós-graduado em filosofia, diz que as pulseiras reforçam a idéia de que cada vez mais precocemente os jovens estão descobrindo o erotismo e fazendo sexo. Para o especialista, a melhor solução é um diálogo esclarecedor e mais próximo dos adultos com os adolescentes. “É fundamental alertar estes jovens, principalmente em relação ao respeito por si e pelo outro, no sentido de que o sexo não pode entrar na categoria de consumo. Além do que, determinadas atitudes podem ser proibidas pelos pais, que são os responsáveis pela educação no sentido amplo do termo”.

O psicanalista conclui afirmando que os adultos precisam saber colocar limites, além de explicarem para estes jovens o peso e a responsabilidade dos atos sexuais, seja de um beijo ou mesmo do ato em si: ”é preciso respeitar o seu próprio corpo e o do próximo, ser responsável pelo corpo e não apenas perceber o próximo como um objeto de consumo que pode proporcionar prazer. Existe vida e subjetividade além das pulseiras” conclui.